domingo, 31 de julho de 2011

A NOBREZA HUMANA

Uma das poucas e boas coisas que a TV proporcionou ao grande público foi a aproximação com a música clássica. Isso, no final dos anos 80,  quando popularizou especialmente os cantores que ficaram conhecidos  como "Os Três Tenores", ou seja: Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras.
Com sua arte, abrilhantaram diversos eventos, até mesmo Copas do Mundo de futebol! Os três são brilhantes, mas, aqui, quero falar apenas dos espanhóis: o Madrileño Plácido Domingo (tecnicamente o mais completo, já que além de maestro, toca vários instrumentos) e o ‘catalão’, nascido em Barcelona, José Carreras
Mesmo os que nunca visitaram a Espanha conhecem a rivalidade existente entre os Catalães e os Madrileños, sendo que os primeiros lutam até por uma “independência”, pretendendo uma nacionalidade própria. Então, no futebol nem se fala!...os maiores rivais são os times do Real Madrid e o Barcelona, que exibe em seu belíssimo Estádio, o “Camp Nou” o sugestivo Lema  "Todas as cidades tem um time. O Barcelona é o único Time que tem uma cidade!".

Por essa ‘rivalidade’ e outros assuntos até políticos que não vem mais ao caso, Carreras e Plácido não fugiram à regra quando, em 1984, tornaram-se inimigos.
Sempre muito requisitados em todas as partes do mundo, ambos faziam constar em seus contratos que só se apresentariam em determinado show se o desafeto não fosse convidado!
Até que, em 1987, Carreras ganhou um inimigo muito mais implacável que Plácido Domingo.  Foi surpreendido com um diagnóstico terrível: LEUCEMIA! Sua luta contra o câncer foi sofrida e persistente. Submeteu-se a vários tratamentos, como auto-transplante de medula óssea, além de diálise e troca de sangue, o que o obrigava a viajar uma vez por mês aos Estados Unidos. Claro que, nessas condições, não podia trabalhar e, apesar de dono de uma razoável fortuna, os altos custos das viagens e do tratamento rapidamente minguaram suas finanças.

Quando não tinha mais condições financeiras, tomou conhecimento de uma Fundação existente em Madrid com a finalidade única de apoiar o tratamento de leucêmicos! A “Fundação Hermosa”, graças á qual , e com total apoio dela, ele venceu a doença e voltou a cantar!

Claro que, voltando á ativa, e recebendo novamente os altos cachês a que faz jus, tratou de associar-se à Fundação para prestigiar tão nobre instituição que, praticamente o  devolvera á vida. e, lendo seus estatutos, descobriu que o seu fundador, maior colaborador e presidente da Fundação, era o ‘desafeto’ Plácido Domingo! Descobriu, ainda, que o mesmo criara a entidade em princípio para atendê-lo e ainda poder se manter no anonimato para não constrangê-lo por  "ter que aceitar auxílio de um inimigo".
Esta noticia balançou Carreras, que então procurou encontrar o antigo ‘desafeto’ para expressar o que sentia....O momento mais lindo e comovente entre os dois foi o encontro, imprevisto por parte de Plácido, em uma de suas apresentações em Madrid, quando  Carreras interrompe o evento e, humildemente, ajoelha-se aos seus pés, pede desculpas e lhe agradece em público.
Plácido levanta-o, e com um forte abraço, os dois selam, naquele instante, o início de uma grande e belíssima amizade!

Mais tarde, em Madrid, numa entrevista de Plácido Domingo, a repórter o indagava por que criara a Fundación Hermosa num momento que, além de beneficiar um "inimigo" ainda conseguiu dar sobrevida ao único artista que poderia fazer-lhe alguma concorrência.
Sua resposta foi curta e definitiva:

Porque uma voz como essa não se pode perder...”

Esta é uma história que não deve cair no esquecimento e, tanto quanto possível, deve servir de inspiração e exemplo de todo o que é capaz  a nobreza humana!

Texto extraído da Internet

Nenhum comentário:

Postar um comentário