Poemas de JUCA PONTES -
DO LIVRO CICLO VEGETAL
PAISAGEM
Escorre
pela janela
o silencio
da folhagem:
encantadas
garças
se
vestem
de paisagem
O rio da infância
Visto da casa-grande do meu
avo
Habita
a janela
do passado
um rio
que nunca
secou:
nas aguas
tímidas
Do Capibaribe
flutuam
os sapatos
do meu avô.
CONSORCIO MAPFRE - CONHEÇA O LANCE EMBUTIDO. VOCÊ NÃO PODE FICAR FORA DESSE LANCE! LIGUE (83) 8888-1587.
VISÃO
Vi
Muitas coisas
Na vida.
Umas boas,
Outras nem tanto.
Nada se compara, porém,
Às vidas que vi
Se acabarem
Sem serem vividas!.
VISION
Saw
Many things
In life.
Some good,
Some not much
Nothing compares, however,
The lives I have seen
finishing
Without being lived!.
In life.
Some good,
Some not much
Nothing compares, however,
The lives I have seen
finishing
Without being lived!.
SE …
Se eu fosse Deus
Perdoaria tua traição
Te desculparia
Por me magoares
Mas já viste,
Eu não sou.
Se eu fosse Deus
Compreenderia
As tuas razões
Para esquecer
Um amor tão grande
Quanto o nosso
Mas já viste
Eu não sou.
Se eu fosse Deus esqueceria
A tua ingratidão
E continuaria a chamar-te
De amigo
Com um carinho imenso
E um amor maior ainda
Mas já viste
Eu não sou.
E porque não sou Deus
Não te perdôo
Não te compreendo
E te esquecerei, sim.
IF …
If I were God
Forgive your treachery
would apologize
For hurting me
But have you seen,
I'm not.
If I were God
would understand
Your reasons
to forget
A so great love
As our
But have you seen
I'm not.
If I were God would forget
Your ingratitude
And continue to call you
friend
With great care
And a love even greater
But have you seen
I'm not.
And because I am not God
Do not forgive you
Do not understand
And will forget you, indeed.
Forgive your treachery
would apologize
For hurting me
But have you seen,
I'm not.
If I were God
would understand
Your reasons
to forget
A so great love
As our
But have you seen
I'm not.
If I were God would forget
Your ingratitude
And continue to call you
friend
With great care
And a love even greater
But have you seen
I'm not.
And because I am not God
Do not forgive you
Do not understand
And will forget you, indeed.
POESIAS DE MARISA ALVERGA - DO LIVRO ENCONTROS E DESENCONTROS
HEXA CAMPEÃO
Sou Flamengo
Cada vez mais
Flamengo eu sou
Flamengo de Zico, de Adriano, de Wagner Love!
Faço parte da
maior torcida do Brasil!
Do Brasil ou do Mundo?
Tanto faz.
Mas hoje sou Flamengo de
Ronaldo Angelim
O herói do hexa!
HEXA CHAMPION
Flamengo I am
Increasingly
I'm Flamengo
Flamengo of Zico, Adriano, Wagner Love!
I am part of Brazil's biggest fans!
Brazil or the world?
Whatever.
But today I am Flamengo of
Ronaldo Angelim
The hero of the hex!
MARISA ALVERGA
(Do livro encontros e desencontros)
CONHEÇA O CONSORCIO MAPFRA - TELEFONE: 83 - 8888-1587.
MEUS OITO ANOS - CASSIMIRO DE ABREU
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
SE ...
Rudyard Kipling:
Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
RENATA
Jansen Filho
Quando foi rica e feliz,
Renata teve o que quis:
Beijo, carinho, esplendor!
Hoje arrasada e perdida,
Pelos banquetes da vida
Busca migalhas de amor!
Não dorme mais e nem come,
O mundo esqueceu seu nome!
É pobre! Não tem valor!...
A sua casa – o relento!
O seu leito – o calçamento!
E a lua – o seu cobertor!
Rolando pelas calçadas
Lateja, nas madrugadas,
Seu coração sofredor!
Ninguém mais lembra Renata,
Motivo de serenata
Daquelas festas do amor!
Mas longe da gente nobre,
Renata humilhada e pobre,
Tem hoje o tesouro seu:
- O espaço triste da rua,
A claridade da lua
E a sina que Deus lhe deu!
Jovens de agora, cuidado!
Este mundo é um poema errado
Que o destino compôs!
Nesta vida que caustica,
Há muita Renata rica
Que fica pobre depois
Este mundo é um poema errado
Que o destino compôs!
Nesta vida que caustica,
Há muita Renata rica
Que fica pobre depois
Postado por Marisa Alverga
A
Conceição de Murilo
Já não era criança. Um emaranhado de fios
Grisava-lhe a fronte cismadora e rude
Onde os olhos profundos, tépido, sombrios,
Punham tons de mistérios e indícios de virtude.
Desde muito era visto andar pelas esquinas
A olhar curiosamente a turba circunstante
E até fazer parar donzelas e meninas
Pra mirar-lhes de perto as linhas do semblante
Teria enlouquecido? O rei crente e piedoso
Ordenara-lhe um dia a execução
O seu desejo ardente, de um quadro primoroso,
A cópia fiel da Imaculada Conceição.
Por isso ele andava inquieto e apreensivo
Fitando a todo mundo, olhando a toda gente,
A ver se achava enfim, concretizado e vivo
Modelo do ideal que lhe estava na mente
Esta? Não serve... Aquela? Causa pena vê-la!
Na angústia em que se achava, alma torturada
Não encontra nenhum modelo,
Que pudesse traduzir de Maria, a Alma Imaculada.
Junto à prisão do estado em pedras úmidas e frias,
Das ruas de Madrid o sol ia já posto
Uma pobre menina em prantos escondia,
Na noite do seu véu, aurora do seu rosto
Murilo aproximou-se e delicadamente:
- Por que choras assim? Levanta-te, sê-forte!
Ela volveu o rosto e disse simplesmente:
- Meu pai está preso ali... está condenado à morte...
Ao contemplar desnuda a fronte peregrina
Artista, ele estancou, e arrebatado vai
Tomando-a pela mão, dizendo-lhe:Menina,
- vem comigo e eu livrarei o teu pai
Já não era criança. Um emaranhado de fios
Grisava-lhe a fronte cismadora e rude
Onde os olhos profundos, tépido, sombrios,
Punham tons de mistérios e indícios de virtude.
Desde muito era visto andar pelas esquinas
A olhar curiosamente a turba circunstante
E até fazer parar donzelas e meninas
Pra mirar-lhes de perto as linhas do semblante
Teria enlouquecido? O rei crente e piedoso
Ordenara-lhe um dia a execução
O seu desejo ardente, de um quadro primoroso,
A cópia fiel da Imaculada Conceição.
Por isso ele andava inquieto e apreensivo
Fitando a todo mundo, olhando a toda gente,
A ver se achava enfim, concretizado e vivo
Modelo do ideal que lhe estava na mente
Esta? Não serve... Aquela? Causa pena vê-la!
Na angústia em que se achava, alma torturada
Não encontra nenhum modelo,
Que pudesse traduzir de Maria, a Alma Imaculada.
Junto à prisão do estado em pedras úmidas e frias,
Das ruas de Madrid o sol ia já posto
Uma pobre menina em prantos escondia,
Na noite do seu véu, aurora do seu rosto
Murilo aproximou-se e delicadamente:
- Por que choras assim? Levanta-te, sê-forte!
Ela volveu o rosto e disse simplesmente:
- Meu pai está preso ali... está condenado à morte...
Ao contemplar desnuda a fronte peregrina
Artista, ele estancou, e arrebatado vai
Tomando-a pela mão, dizendo-lhe:Menina,
- vem comigo e eu livrarei o teu pai
- Meu pai senhor, é mouro e o rei que nos persegue
É bárbaro e cruel, apesar de ser cristão.
Dos nossos nenhum só lhe foi um dia entregue
Se não para morrer saiu desta prisão.
- Menina, vem comigo, eu juro,
A liberdade será dada a teu pai herege ou criminoso.
Que o rei que dizes mau e feito à crueldade
Tem sangue de espanhol, ardente e generoso
O rei prometeu se eu pintasse a gosto
A Conceição sem mancha, espórtula avultada
E,
criança, tu tens nas linhas do teu rosto
Os
traços mais fiéis de uma alma imaculada.
Vem,
vamos daqui partamos depressa
Que o seu pai será livre essa esperança é fato
Porque o rei cumprirá fiel sua palavra
De dar-me o que pedir em troco de um retrato.
Anda pois... E ela foi. O artista satisfeito
Tem-na diante de si, a cabeleira solta
O olhar fitando o céu, as mãos em cruz no peito
Aos prantos murmurando: - E então, meu pai não volta?
Quando tudo acabou, nervosamente ufano,
Tomou-a pela mão, e alçando a voz lhe disse:
- Agora vem comigo ouviste? O soberano prometeu
Pagar o preço que eu pedisse.
Quando chegaram lá, era o palácio em festa!
Clero, nobreza e povo, a fina flor da Espanha
Em meio à exposição de um quadro novo empresta
Todos ali agora, solenidade estranha
Ia-se inaugurar a virgem de Murilo
Quando um "Oh" de espanto9em meio à sala estoura
Estava junto ao pintor, impávido, tranquilo.
Inquieta e perturbada, a pobrezinha moura
Nisto, corre a cortina e esplêndido aparece!
O retrato fiel da moura alí presente
O olhar fitando o céu, a mimosa boca em prece
Onde brinca um sorriso ingênuo e inocente
Ao correr da cortina, na sala estrugem palmas
Os olhares vão da moura à tela
O rei fala ao artista que assim retrata as almas:
- Pede o quanto quiseres, que eu te darei
- Senhor, se o meu trabalho algum valor alcança
E à moura acaricia
Dai então liberdade ao pai desta criança.
Em honra da beleza, e em nome de Maria.
Que o seu pai será livre essa esperança é fato
Porque o rei cumprirá fiel sua palavra
De dar-me o que pedir em troco de um retrato.
Anda pois... E ela foi. O artista satisfeito
Tem-na diante de si, a cabeleira solta
O olhar fitando o céu, as mãos em cruz no peito
Aos prantos murmurando: - E então, meu pai não volta?
Quando tudo acabou, nervosamente ufano,
Tomou-a pela mão, e alçando a voz lhe disse:
- Agora vem comigo ouviste? O soberano prometeu
Pagar o preço que eu pedisse.
Quando chegaram lá, era o palácio em festa!
Clero, nobreza e povo, a fina flor da Espanha
Em meio à exposição de um quadro novo empresta
Todos ali agora, solenidade estranha
Ia-se inaugurar a virgem de Murilo
Quando um "Oh" de espanto9em meio à sala estoura
Estava junto ao pintor, impávido, tranquilo.
Inquieta e perturbada, a pobrezinha moura
Nisto, corre a cortina e esplêndido aparece!
O retrato fiel da moura alí presente
O olhar fitando o céu, a mimosa boca em prece
Onde brinca um sorriso ingênuo e inocente
Ao correr da cortina, na sala estrugem palmas
Os olhares vão da moura à tela
O rei fala ao artista que assim retrata as almas:
- Pede o quanto quiseres, que eu te darei
- Senhor, se o meu trabalho algum valor alcança
E à moura acaricia
Dai então liberdade ao pai desta criança.
Em honra da beleza, e em nome de Maria.
E as duas férreas portas da prisão do estado
Abriram-se de par em par. Das prisões sombrias
Viram sair então liberto o condenado
Louvando a Conceição sem mácula de Maria
Postado por Marisa Alverga
Mamãe, quando eu me for da vida embora
Arrebatado pela dor suprema
Só exijo uma coisa da senhora
Fazer o que lhe peço neste poema
Junte os meus ternos, alguns cobres, tudo
Meus sapatos e meias de algodão
Cubra o corpo de quem está desnudo
E mate a fome de quem pede pão!
E a minha velha rede desbotada
Que comprei numa loja da avenida
Dê a alguma criança desgraçada
Para que a insônia não lhe ceife a vida
Meu relógio de ouro e cobre
O prêmio de um concurso que venci
Bote-o no pulso de um menino pobre
Para que sinta o orgulho que senti.
E a minha biblioteca monumental
Ornamentando aquelas três estantes
Shakespeare, Balsac, Sthendal
Ariosto, Hugo, Sócrates e Cervantes.
Todos os livros que comprei fiado
Venda-os aos gringos pérfidos e tiranos
E depois dessa venda, o resultado
Distribua com gregos e troianos!
Só não dê a ninguém, mamãe querida,
Este retrato pálido, sem brilho
Para que pela estrada desta vida
Você se lembre sempre do seu filho!
Não se assuste, mamãe, na solidão,
Quando ouvi-lo falar dizendo assim:
Mamãe querida, do meu coração,
Não deixe nunca de rezar por mim!
Postado por Maria Alverga
DE SAUDADE TAMBÉM SE MORRE
À
Geraldinho
Um dia eu vou morrer. É a possibilidade
de encontrar meu filho e
nunca mais chorar.
Vou ser feliz com ele na
eternidade
Amarguras e dores na
terra vou deixar
Lá onde está meu filho
vou ficar
Nem que tenha de brigar
naquele céu de anil
Vou gritar, esbravejar,
espernear
Vai ser pior do que a
fome no Brasil
Vai ser tanta a confusão
que vou fazer
- E meu filho rindo com
alacridade –
Deus vai ficar atrapalhado
e vai dizer:
- Deixe-a ficar. Ela
morreu de saudade!
De Saudade ALSO DIE
At Geraldinho
One day I will die. It is the possibility
to find my son and never cry.
I'll be happy with him in eternity
Bitterness and pain on earth let
Wherever my son is going to be
Not having to fight in that sky of indigo
I scream, rant, kicking
It will be worse than the hunger in Brazil
It will be much confusion, I will do
- And my son laughing with alacrity -
God will be hindered and will say:
- Let her stay. She died of sadness!
At Geraldinho
One day I will die. It is the possibility
to find my son and never cry.
I'll be happy with him in eternity
Bitterness and pain on earth let
Wherever my son is going to be
Not having to fight in that sky of indigo
I scream, rant, kicking
It will be worse than the hunger in Brazil
It will be much confusion, I will do
- And my son laughing with alacrity -
God will be hindered and will say:
- Let her stay. She died of sadness!
Marisa Alverga (Do livro ENCONTROS E
DESENCONTROS)
NAVEGUE - Fernando Pessoa
Navegue, descubra tesouros,
mas não os tire do fundo do mar,
o lugar deles é lá.
Admire a lua, sonhe com ela, mas não
queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele,
mas lembre-se que o seu calor é para todos.
Sonhe com as estrelas, apenas sonhe,
elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento,
ele precisa correr por toda parte,
ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva,
ela quer cair e molhar muitos rostos,
não pode molhar só o seu.
As lágrimas?
Não as seque, elas precisam correr na minha,
na sua, em todas as faces.
O sorriso!
Esse você deve segurar,
não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você ama?
Guarde dentro de um porta-jóias,
tranque, perca a chave!
Quem você ama é a maior
jóia que você possui, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano
muda,se o século vira, se o milênio é outro,
se a idade aumenta;
conserve a vontade de viver,
não se chega à parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar
e as portas também.
Persiga um sonho,
mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor,
cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias,
deixe-se levar pelas vontades,
mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história,
seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas
não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo,
só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.
Procure os seus caminhos,
mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades,mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!
Caso sinta-se só, olhe para as estrelas:
eu sempre estarei nelas.
Não estão ao seu alcance mas estarão eternamente
brilhando para você!
Postado por Marisa Alverga
AS FULÔ DE PUXINANÃ
(Puxinanã
é uma cidade paraibana)
(Paródia de As "Flô
de Gerematáia" de Napoleão Menezes)
Três muié ou três
irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.
<>
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
<>
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
<>
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
<>
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
<>
Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
<>
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui eu vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
<>
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.
<>
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
<>
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
<>
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
<>
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
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Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
<>
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui eu vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
<>
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!
<>
Beleza pura...
Postado por Marisa Alverga
DE TUDO UM POUCO
Justiça que não faz justiça
Polícia que não policia
Educador que não educa
Amigo que não é amigo
Governo que não governa
Legislador que não legisla
Administrador que não administra!
- Esqueci alguma coisa?
- Ah, sim!
PODER QUE NÃO PODE...
NÃO É PODER!
Autoria: Marisa Alverga ( Do livro ENCONTROS E DESENCONTROS)
VOCÊ EXISTE
Se é Natal...
Porque ficar triste?
Se deixe levar...
Pela magia que no ar existe!
Se o bom velhinho
Vem ou não vem
Só o fato de você existir
Já é um grande bem...
Seja alegre e não triste...
Pelo simples fato
De que “você existe”...
Rico, pobre, gordo, magro...
Baixo, alto, feio, bonito...
Escuta o que te digo...
Você é único...
E a certeza deve sempre ter
Jesus te dá a chance
A grande chance de viver...
Seu Natal não pode ser triste
Pela alegria de que “você existe”
Então não se sinta mal...
Se solte e...” Feliz Natal “...
Se deixe levar...
Pela magia que no ar existe!
Se o bom velhinho
Vem ou não vem
Só o fato de você existir
Já é um grande bem...
Seja alegre e não triste...
Pelo simples fato
De que “você existe”...
Rico, pobre, gordo, magro...
Baixo, alto, feio, bonito...
Escuta o que te digo...
Você é único...
E a certeza deve sempre ter
Jesus te dá a chance
A grande chance de viver...
Seu Natal não pode ser triste
Pela alegria de que “você existe”
Então não se sinta mal...
Se solte e...” Feliz Natal “...
Postado
por Marisa
Alverga
MAMÃE
O Céu sem estrelas não é Céu
O Mar sem os peixes não é Mar
O Campo sem passaros não é Campo
O Jardim sem rosas não é Jardim
O Livro sem letras não é Livro
O Bosque sem flores não é Bosque
A Música sem som não é Música
O Prato sem comida não é Ceia
O Jogo sem adversário não é Jogo
Um Juri sem Juiz não é Jurisdicional
Um Exército sem Comandante não é Exército
A Natureza sem as árvores, os campos,
os rios, os animais, as flores
Não é Natureza
O Firmamento sem as núvens não é Firmamento
Um Filme sem Ator não é Filme
O Futuro sem Passado não é Presente
E a Vida sem você, Mamãe, não é Vida!
GERALDO ALVERGA ( do livro ALGEMAS)
CORAGEM
Prá você
que pensa
Ser o
único a sofrer;
Prá você
que acredita
Que a dor
é privilégio seu;
Prá você
que crê
Que a
infelicidade
Foi
inventada
Porque
você existe...
Mostro-lhe
o meu coração
E repito
o poeta:
"Saber
sofrer, moço,
Isso é
que é coragem".
Marisa Alverga
SAUDADES -
A meu filho, Geraldo Alverga
E o tempo, meu filho,
Não teve tempo
De lhe enrugar a fronte!
E a vida não foi capaz
De destruir seus sonhos,
Nem o Destino
De abortar suas esperanças!
A morte, porém,
A tudo indiferente
Não me poupou da dor
Levou meus sonhos
E esperanças
E nem percebeu:
Você se foi para a eternidade
Mas na verdade
Quem morreu fui eu!
CONVERSANDO COM MEU PAI
RONALDO CUNHA LIMA
Na quietude d'aquela noite densa,
reclamei numa saudade a presença
do meu Pai, que há muito já morreu!...
Sorumbático e só, fiquei na sala,
sem ouvir de ninguém uma só fala:
todos dormiam entregues a Morfeu.
Continuei sozinho da vigília,
contemplando a placidez da mobília,
num silêncio quase que perfeito;
quebrando apenas com o gemer da rede,
as pancadas do relógio na parede
e o pulsar do coração dentro do peito.
De repente, coberta com um véu,
uma nuvem nascia lá do céu,
na sala onde eu estava, caí...
era algo de espanto realmente
dissipa-se a nuvem lentamente
e vai surgindo a imagem do meu pai.
Boa noite, meu filho! E se assusta?
Tenha mais um pouco de calma, porque custa
novamente voltar por este trilho:
Eu rompi os umbrais da eternidade
para, em braços de amor e de saudade,
conversar com você, filho querido!...
Tenho assistido todos os seus passos,
suas lutas, vitórias e fracassos,
em ânsias que não posso mais contê-las:
eu lhe assisto, meu filho, todo dia,
em suas vitórias choro de alegria
e as lágrimas transformam-se em estrelas.
Tenho visto também seus sofrimentos
suas angústias, dores e tormentos
e esperanças que foram já frustradas;
tenho visto, meu filho, da eternidade,
o desencanto de sua mocidade
e o pranto de suas madrugadas.
Compreendo, também, sua tristeza
ante a ânsia que traz na alma presa
de adejar cortando monte e serra;
sua ânsia de voar, cantando notas,
misturar seu vôo ao das gaivotas,
que beijam os céus sem deixar a terra.
Mas, ao lado dos
atos de grandeza,
você me causa, filho, também tristeza,
em desgosto minh'alma já flutua:
Ontem, porque não estava pronta a ceia,
prá sua mãe você fez cara feia,
bateu a porta e foi jantar na rua.
Você não soube, meu filho, e no entanto,
ela caiu prostrada em um pranto
soluçando seu íntimo desgosto.
Nunca mais, meu filho, isto faça,
pois para o filho não há maior desgraça
que em sua mãe deixar rugas no rosto.
Nunca mais a ofenda, nem de leve!...
O seu amor a ele aos céus eleve
e escute sempre, sempre o que ela diz.
Peça a Deus para durar sua existência
e, se assim fizer de consciência,
você, na vida, tem que ser feliz.
Conduza-se na vida com altivez,
fazendo da probidade, da honradez,
para você o seu forte brasão;
aprofunde-se, meu filho, no estudo,
fazendo da justiça o seu escudo,
amando o povo como ao seu irmão.
Continue no trabalho a que se entrega
sem temer obstáculo nem refrega,
pois com a vitória sempre você vai,
e se assim fizer, querido filho,
sua vida há de ser toda de brilho,
e honrará o nome de seu pai.
E nisso a nuvem comoventemente,
aos poucos se junta novamente,
envolvendo meu pai num denso véu;
e num olhar meigo e bem sereno,
dirige para mim um triste aceno
e vai de novo subindo para o céu!
E eu fiquei chorando de saudade,
alimentando aquela ansiedade,
sem poder abrandá-la. Que castigo!
Por isso nunca mais dormi. Vivo na ânsia,
esperando que meu Pai rompa a distância,
prá vir de novo conversar comigo
Postado por Marisa Alverga
AMIGOS
E MILAGRES
(Albert
Einstein - 1879 - 1955)
Pode ser que um
dia deixemos de nos falar....
Mas,
enquanto houver amizade,
Faremos
as pazes de novo
Pode
ser que um dia o tempo passe...
Mas,
se a amizade permanecer,
Um
do outro há de se lembrar.
Pode
ser que um dia nos afastemos...
Mas,
se formos amigos de verdade,
A
amizade nos reaproximará.
Pode
ser que um dia não mais existamos...
Mas,
se ainda sobrar amizade,
Nasceremos
de novo, um para o outro...
Pode
ser que um dia tudo acabe...
Mas,
com a amizade construiremos tudo novamente,
Toda
vez de forma diferente,
Sendo
o único e inesquecível cada momento
Que
juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
HÁ
DUAS FORMAS DE VIVER SUA VIDA:
Uma
é acreditar que não existe milagre.
A outra é
acreditar que todas as coisas são um milagre!
Obs. Postado por Marisa Alverga
VISÃO
Marisa Alverga
No desespero da minha desventura
Fui hoje visitar o cemitério.
Procurei-te entre os ciprestes e a sepultura
Encontrei-te no Céu entre mistérios.
Protegido por um manto azul cheio de brilho
Vi-te a sorrir nos braços de Maria
E havia luz ao teu redor, meu filho,
E a própria Mãe de Deus sorria.
E eu me perguntei por entre o pranto:
- Por que tamanha dor que me crucia
Não encontra paz, nem lenitivo encontro
No riso santo da Virgem Maria?
Não encontro paz, isso é verdade.
Não há como negar esse estribilho.
Mas entre a dor e o pranto da saudade
Eu lhe sou grata por guardar meu filho.
PARA QUÊ?
Marisa Alverga
Assisti, impassível, em desatino,
Entre lágrimas e decepções,
Pelas mãos implacáveis do destino,
A morte das minhas ilusões!
A morte dos meus sonhos e quimeras
Da mocidade em flor, cheia de brilho,
Levando para sempre a primavera,
Na doce juventude de meu filho!
Sua vida se foi e ficou a revolta
A machucar, a destruir minha vida.
Cem vidas eu daria para tê-lo de volta.
Mas, para que Deus ia querer a minha vida?
SEGREDO
Marisa Alverga
Quer saber
o que é a vida?
Não precise de ninguém!
Quer saber
o que é a vida?
Precise de alguém!
Diga que tem dinheiro
e lhe encherão de jóias!
Diga que nada tem
e tomarão
o pouco que você tem.
É assim a vida!
Marisa Alverga
Não mates
As tuas saudades
Como não matei as minhas.
As minhas saudades
Têm o teu rosto
O gingar do teu corpo
A cor dos teus olhos
O brilho do teu sorriso!
As minhas saudades
Pulam nos batrimentos ritmicos
Do meu coração
Esse coração
Envelhecido pelas lágrimas
Dessas saudades
Que doem tanto em mim!
THE TOWER
Boa noite minha senhora.
O que fazes aí?
Tão alta nessa torre
Nem parece pensar
Na vida bela lá embaixo.
Boa noite minha senhora
Quais braços te puseram aí?
Quem te fez essa marca?
E agora...
Quais braços irão tirar-te da torre?
Estás tão alta.
Podes pegar a lua
Por um minuto?
Para que ela pare de chorar
Pois te fez grande
E agora é a hora de tua grandeza.
Não estamos a sós no muro
Oh! não, minha senhora
Não estamos a sós no mundo
Há tantos caminhos
e logo este foste tomar.
Não sou feliz?
Ou será pura presunção
ignóbil?
Se bem que é certo
Antes tens que descer da torre.
Vamos! - atira-te em meus braços!
JEMERSON JERONIMO
Nordeste - GUARABIRA - PB
NÓS DOIS E O AMOR
Minha dor se reflete em ti
Mihas mãos buscam por teu conforto
Meu corpo por teu afago...
A minha mente por tuas lembranças...
Os meus lábios por tua face.
Vamos, vem ver
Aquilo que te contei se tornou verdade
A vaidade de querer-te sempre
Mais e mais...
Até não saber para onde olhar
Vou rever as nuvens
Que escrevem o teu nome
E fugir para ti
E cair em teus braços
Sorri, estou aqui.
Vou te ter em mim
Mesmo que tirem minha vida
Contida em lágrimas
Escolhida da noite.
Olha para mim.
Tornaram-se os protagonistas figurantes
Esta noite é nossa
Vamos flutuar em mistérios
Que ninguém poderá prever
Que de repente
Somos a mesma mente.
JEMERSON JERONIMO
NORDESTE - GUARABIRA - PB
No tempo da minha infância (Ismael Gaião)
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal
Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade
Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração
Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir
Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança
No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado
Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos
Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras
Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão
Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé
Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar
Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia
O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço
E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar
Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade
Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez.
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal
Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade
Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração
Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir
Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança
No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado
Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos
Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras
Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão
Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé
Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar
Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia
O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço
E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar
Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade
Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez.
Recebido via e-mail de Marisa Bueloni - Piracicaba - SP
VISITA À CASA PATERNA
Luís Guimarães
Como a ave que volta ao ninho antigo
Depois de um longo e tenebroso inverso
Eu quis também rever o lar paterno
O meu primeiro e virginal abrigo
Entrei. Um gênio carinhoso e amigo
O fantasma, talvez, do amor materno
Tomou-me as mãos, olhou-me grave e terno
E passo a passo caminhou comigo.
Era esta a sala. Oh! Se me lembro e quanto!
Em que da luz noturna à claridade
Minhas irmãs e minha mãe... O pranto
Jorrou-me em ondas... Resistir, quem há-de!
Uma ilusão gemia em cada canto
Chorava em cada canto uma saudade!
Postado por Marisa Alverga
Quando você
precisou de mim
Eu cheguei
voando.
Quando
precisei de você
fiquei só
chamando!
Marisa Alverga
MEDITAÇÃO
A rosa
tem uma vida
efêmera.
Nasce,
embeleza o jardim
perfuma as noites
fenece
e morre.
Valeu a pena?
Marisa Alverga
A POESIA SUAVE DE JESUS
O evangelho de Jesus é um poema à
simplicidade. Não requer explicações metafísicas nem elasticidade filosófica para entendê-lo.
Olhai as aves do céu; não semeiam nem ceifam,
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