quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

               PRECE DE NATAL

                                  Senhor: 
           
E 
nvelhecer é um privilégio e eu Te agradeço pela longa vida que me concedeste. Eu Te sou grato pela família que escolheste para me trazer à vida e pela família que eu própria criei.
       Na longa estrada que percorri nem sempre encontrei flores, mas  espinhos que me feriram os pés e me ensinaram a conviver com a dor e a sorrir por entre as lágrimas.
      Neste Natal, Senhor, nada Te peço porque de nada preciso, pois me deste tudo sem que precisasse pedir-Te. Há pão na minha mesa, roupa para me cobrir o corpo, sandálias para que meus pés não sejam feridos pelas pedras do caminho; há risos na minha casa, calor na minha lareira, flores no meu jardim e o cantar dos pássaros me embevece a vida!
    Neste Natal, Senhor, dirijo-Te a minha prece em favor daqueles que pelo mundo afora morrem de inanição, sem um pedaço de pão para mitigar-lhe a fome; peço-Te pelos que dormem  ao  relento, sem um trapo para cobrir-lhe o corpo para que  o frio das noites não lhes enregele também a alma; pelas crianças abandonadas por seus próprios  pais , jogadas na vida,  sem pão nem teto; pela velhice desamparada pelo descaso da sociedade que lhe nega até o direito de existir; neste Natal, Senhor, eu Te entrego  o meu coração  agradecido e a minha prece pelos menos afortunados, implorando-te pela Paz Universal, por um mundo menos injusto, onde o amor reine como Senhor  absoluto e a esperança seja a certeza de um ano novo sem forme, nem miséria, sem crianças abandonadas,  sem desemprego, sem velhice desamparada,  sem drogas, sem violência e sem desamor! 

                                                 Marisa Alverga
Do livro NA VARANDA DA VIDA

CONVITE:
No dia 14 de janeiro de 2012, no Teatro "GERALDO ALVERGA" assista ao Show MARÉ MAR com CHICO NETO.
Saiba mais acessando o site www.chiconetoparaiba.com.br
        

terça-feira, 27 de dezembro de 2011


NOITE DE NATAL

                   Na festa maior da cristandade, o mundo se engalana para comemorar o nascimento de Cristo, um Cristo que se imolou pela humanidade.  Árvores enfeitadas, ruas e praças iluminadas, presentes, ceias, festas no mundo inteiro prenunciam o nascimento do Salvador e tudo é alegria!

Em meio a tanta celebração, penso nas crianças  que não conheceram seus pais ou que vivem, apesar delas, entregues ao próprio destino, sem roupa, sem lar, famintos e sem um sapatinho para esperar o presente de Papai Noel, se é que algum deles já ouviu falar nesse ser mitológico!

          A velhice desamparada, doente, entregue ao deus-dará, com frio, dormindo ao relento, com o céu por cobertor, implorando a caridade alheia, sem que ninguém se importe se tem fome ou sede, de justiça, inclusive! Alguns, jogados em Abrigos - que de abrigo só tem o nome -, outros relegados ao descaso dos próprios filhos, num lar desfeito pela ausência do amor!
Penso na leva de desempregados criados pelo sistema, pessoas que viviam dentro de um padrão q1ue o seu salário peritira e de repente não têm pão para alimentar os filhos!.
Crianças que não nasceram, abortadas que foram no ventre materno! Idosos, adultos jovens ou crianças que nunca freqüentaram uma escola, que jamais receberam um beijo, que nunca sentiram o calor de um abraço, que desconhecem o sentido da fraternidade, que não vivem,ç apenas existem, porque viver não é passar fome, não sentir frio; é amar e ser amado.
E quem de nós, na Noite de Natal, lembra-se do aniversariante? Que presente oferecemos a Jesus na sua data natalícia? E Ele espera tão pouco de nós!

        Neste Natal, Senhor, eu Te entrego o meu coração agradecido e a minha Prece pelos menos afortunados, implorando-Te pela PAZ UNIVERSAL, por um mundo menos injusto, onde o Amor reine como senhor absoluto e a ESPERANÇA seja a certeza de um ANO NOVO sem fome, nem miséria, sem crianças abandonadas, sem desemprego, sem velhice desamparada, sem drogas, sem violência e sem desamor!
         Aos que fazem a Loja Maçônica Tiradentes, ao Clube de Mães Piedade Medeiros,  aos demolays, aos ouvintes dos Programas Radiofônicos SEM FRONTEIRAS - RÁDIO RURAL DE GUARABIRA  e NA VARANDA DA VIDA - MARMARAÚ FM, em Araçagi -, aos internautas que acessam este Blog, o nosso abraço com votos de um Natal de Amor e um Ano Novo de muita Paz.


                                                        Marisa Alverga
                                        OBS. Do Livro NA VARANDA DA VIDA

domingo, 25 de dezembro de 2011


A MULHER DE DEUS


 "Num dia frio de Dezembro, alguns anos atrás,em Nova York, um rapazinho de cerca de 10 anos, descalço, estava em pé em frente a uma loja de sapatos, olhando a montra, a tremer de frio.
Uma senhora aproximou-se do rapaz e disse:

- Tu estás com um pensamento tão profundo, a olhar essa montra!
- Eu estava pedindo a Deus para me dar um par de sapatos - respondeu o garoto.
A senhora tomou-o pela mão, entrou na loja e pediu ao empregado para dar meia dúzia de pares de meias ao menino ...
Ela também perguntou se poderia conseguir-lhe uma bacia com água e uma toalha.
O empregado atendeu-a rapidamente, e ela levou o menino para a parte de trás da loja e, ajoelhando-se, lavou os seus pés pequenos e secou-os com a toalha.
Nesse meio tempo, o empregado havia trazido as meias.
Ela calçou-as nos pés do garoto e também lhe comprou um par de sapatos.
Depois entregou-lhe os outros pares de meias e, carinhosamente, disse-lhe:
-Estás mais confortável, agora?
Quando ela se virou para ir embora, o menino segurou-lhe na mão, olhou o seu rosto, com lágrimas nos olhos e perguntou:
- A senhora é a mulher de Deus?"

Autor do texto: Desconhecido
Episódio referido por Leo Buscaglia como tendo sido
contado por uma testemunha ocular

Postado por Marisa Alverga

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

UM MILAGRE – Eça de Queiroz

                Junto  a Sichem, num casebre, vivia então uma viúva desgraçada entre todas, que tinha um filho doente com as febres. O chão miserável não estava caiado, nem nele havia enxerga. Na lâmpada de barro vermelho secara o azeite. O grão faltava na arca: o ruído dormente do moinho doméstico cessara, e esta era, em. Israel, a evidência cruel da infinita miséria.
          A pobre mãe, sentada a um canto, chorava; e, estendida sobre os seus joelhos, embrulhada em farrapos, pálida e tremendo toda, a criança pedia-lhe, numa voz débil como um suspiro, que lhe fosse chamar esse rabi de Galileia de quem ouvira falar junto ao Poço de Jacob, que amava as crianças, nutria as multidões, e curava todos os males humanos, com a carícia das suas mãos. E a mãe dizia, chorando:
                — Como queres tu, filho, que eu te deixe, e vá procurar o rabi a Galileia? Obed é rico e tem servos, eu vi-os passar, e debalde buscaram Jesus por areais e cidades, desde Chorazim até ao país de Moab. Sétimo é forte e tem soldados, eu vi-os passar e perguntaram por. Jesus sem o achar desde o Hébron até ao mar. Como queres tu que eu te deixe? Jesus está.longe, a nossa dor está connosco. E sem dúvida o rabi, que lê nas sinagogas novas, não escuta as queixas de uma mãe de Samaria que só sabe ir orar, como outrora, no alto do monte Gerazim.
                A criança, com os olhos cerrados, pálida e como morta, murmurou o nome de Jesus.         E a mãe dizia, chorando:
             — De que me serviria, filho, partir e ir procurá-lo? Longas são as estradas da Síria, curta é a piedade dos homens. Vendo -me tão pobre e tão só, os cães viriam ladrar -me às portas dos casais. Decerto Jesus morreu; e com ele morreu, uma vez mais, toda a esperança dos tristes.
              Pálida, e desfalecendo, a criança murmurou: Mãe, eu queria ver Jesus de Galileia. E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança: — Aqui estou.


Eça de Queirós, Contos
Postado por Marisa Alverga



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

DECLARO-ME VIVO...E SABOREIO A VIDA...

Antigamente me preocupava quando os outros falavam mal de mim.
Então fazia o que os outros queriam, e a minha consciência me censurava.
Entretanto, apesar do meu esforço para ser bem educado, alguém sempre me difamava.
Como agradeço a essas pessoas, que me ensinaram que a vida é apenas um cenário!
Desse momento em diante, atrevo-me a ser como sou.
A árvore anciã me ensinou que somos todos iguais.
Sou guerreiro: a minha espada é o amor, o meu escudo é o humor,
o meu espaço é a coerência,
o meu texto é a liberdade.
Perdoem-me, se a minha felicidade é insuportável, mas não escolhi o bom senso comum.
Prefiro a imaginação dos índios, que tem embutida a inocência]

É possível que tenhamos que ser apenas humanos.
Sem Amor nada tem sentido, sem Amor estamos perdidos.
Sem Amor corremos de novo o risco de estarmos caminhando de costas para a luz.
Por esta razão é muito importante que apenas o Amor inspire as nossas ações.
Anseio que descubras a mensagem por detrás das palavras;
não sou um sábio, sou apenas um ser apaixonado pela vida.
A melhor forma de despertar é deixando de questionar se nossas ações incomodam aqueles que dormem ao nosso lado.
A chegada não importa, o caminho e a meta são a mesma coisa.
Não precisamos correr para algum lugar, apenas dar cada passo com plena consciência.
Quando somos maiores que aquilo que fazemos, nada pode nos desequilibrar.
Porém, quando permitimos que as coisas sejam maiores do que nós,
o nosso desequilíbrio está garantido.
É possível que sejamos apenas água fluindo; o caminho terá que ser feito por nós.
Porém, não permitas que o leito escravize o rio, ou então, em vez de um caminho, terás um cárcere.
Amo a minha loucura que me vacina contra a estupidez.
Amo o amor que me imuniza contra a infelicidade que prolifera,
infectando almas e atrofiando corações.
As pessoas estão tão acostumadas com a infelicidade,
que a sensação de felicidade lhes parece estranha.
As pessoas estão tão reprimidas, que a ternura espontâneas incomoda,
e o amor lhes inspira desconfiança.
A vida é um cântico à beleza, uma chamada à transparência.

Peço-lhes perdão, mas...
declaro-me Vivo!

Autor: Chamalú - Índio Quechua
Texto traduzido do antigo idioma Quíchua, ainda hoje falado na America do Sul, através de seus dialetos.
Imagens: Internet / Getty Images
 Postado por Marisa Alverga

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

PÉ DE PERA
1.   1 2 3 4 momentos!
2.   Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não ter pressa quando fizessem seus julgamentos. Por isso, convidou cada um deles para fazer uma viagem e observar uma pereira plantada num local distante.
3.   O primeiro filho chegou lá no INVERNO, o segundo na PRIMAVERA, o terceiro, no VERÃO e o quarto, o caçula, no OUTONO.
4.   Quando eles retornaram, o pai os reuniu e pediu que contassem o que tinham visto.  
5.   O primeiro chegou lá no INVERNO.
6.   Disse que a árvore era feia e acrescentou: “ - Além de feia, ela é seca e retorcida!”  
7.   O segundo chegou lá na PRIMAVERA.
8.   Disse que aquilo não era verdade. Contou que encontrou uma árvore cheia de botões, e carregada de promessas.  
9.   O terceiro chegou no VERÃO.
10.              Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele jamais tinha visto.
11.              O último filho chegou no OUTONO.
12.              Ele disse que a árvore estava carregada e arqueada cheia de frutas, vida e promessas...  
13.              Discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas...  
14.              O pai então explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore...
15.              Ele disse que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação.
16.              A essência do que se é, (como o prazer, a alegria e o amor que vem da vida) só pode ser constatada no final de tudo, exatamente como no momento em que todas as estações do ano se completam!
17.              Se alguém desistir no INVERNO, perderá as promessas da PRIMAVERA, a beleza do VERÃO e a expectativa do OUTONO.
18.              Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras.
19.              Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.
20.              Persevere através dos caminhos difíceis
21.              e melhores tempos certamente virão, de uma hora para a outra!!!
22.              Um dia abençoado para você! 
Postado por Marisa Alverga

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


ORAÇÃO SEM NOME

“Meu Deus escuta; jamais falei contigo,
Hoje quero saudar-Te. Bom-dia! Como vais?
Disseram-me que não existes.
E eu, tolo, acreditei.


Nunca havia admirado a tua obra.
Ontem à noite, da trincheira destroçada por granadas,
Vi o teu céu estrelado
E compreendi então que me enganaram.


Não sei se me apertarás a mão.
Vou te explicar e hás de compreender.
É curioso: Neste hediondo inferno
Achei a luz para enxergar teu rosto.


Dito isto, já não tenho muita coisa a contar:
Só que... tenho muito prazer em conhecer-te.
À meia-noite, iremos ao ataque.
Não sinto medo, meu Deus, sei que tu velas...


Ah! Eis o clarim! Bom Deus devo ir-me embora,
Gostei de ti, vou ter saudades... Quero dizer!
Será cruenta a luta, bem o sabes,
E esta noite pode ser que eu vá bater à tua porta!


Muito amigos não fomos, é verdade.
Mas... sim, estou chorando!
Como vês, Deus, penso que já não sou tão mal.
Bem, tenho de ir. É coisa rara a sorte.
Juro, porém: já não receio a morte...”



Ninguém conhece o autor deste poema.Foi encontrado em pleno campo de batalha no corpo de um soldado. Do rapaz estraçalhado por uma granada restava apenas intacta, esta folha de papel...

Postado por Marisa Alverga

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011




UMA PESCARIA INESQUECÍVEL   
Ele tinha onze anos e, cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.

A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.

O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai
olhava com admiração, enquanto o garoto habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da água.

Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras para trás e para frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Eram dez da noite, faltavam apenas duas horas para a abertura da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:
- Você tem que devolvê-lo, filho.
- Mas, papai, reclamou o menino
.
- Vai aparecer outro, insistiu o pai.
- Não tão grande quanto este, choramingou a criança.

O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. E, naquele momento, o menino teve certeza de que jamais veria um peixe tão grande quanto aquele.

Isso aconteceu há trinta
e quatro anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem-sucedido. O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais.

Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe repetidamente todas as vezes em que se depara com uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de certo e errado. Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém
está nos vendo.

Essa conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o peixe à água.
             Obs. Desconheço a autoria

Postado por MARISA ALVERGA 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011


TESTAMENTO DO MENDIGO


Agora, no fim da vida
Como mendigo que sou,
Me sinto preocupado,
Intrigado e num momento
Me pergunto, embaraçado,
Se faço ou não testamento.

Não tendo, como não tenho
E nunca tive ninguém,
Pra quem é que eu vou deixar
Tudo o que eu tenho:
os meus bens?

Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Minhas calças remendadas,
O meu céu, minhas estrelas,
Que não me canso de vê-las
Quando ao relento deitado
Deixo o olhar perdido,
Distante, no firmamento?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Minha camisa rasgada,
As águas dos rios, dos lagos,
Águas correntes, paradas,
Onde às vezes tomo banho?

Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Vaga-lumes que em rebanhos
Cercam meu corpo de noite,
Quando o verão é chegado?

Se eu fizer um testamento
Pra quem vou deixar,
Mendigo assim como sou,
Todo o ouro que me dá
O sol que vejo nascer
Quando acordo na alvorada?
O sol que seca meu corpo
Que o orvalho da madrugada
Com sua carícia molhou?

Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Os meus bandos de pardais,
Que ao entardecer, nas árvores,
Brincando de esconde-esconde,
Procuram se divertir?
Pra quem é que eu vou deixar
Estas folhas de jornais
Que uso para me cobrir?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que eu vou deixar
Meu chapéu todo amassado
Onde escuto o tilintar
Das moedas que me dão,
Os que têm a alma boa,
Os que têm bom coração?

E antes que a vida me largue,
Pra quem é que eu vou deixar
O grande estoque que tenho
Das palavras "Deus lhe pague"?

Pra quem é que eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Todas as folhas de outono
Que trazidas pelo vento
Vêm meus pés atapetar?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Minhas sandálias furadas,
Que pisaram mil caminhos,
Cheias dos pós das estradas,
Estradas por onde andei
Em andanças vagabundas?
Pra quem é que eu vou deixar
Minhas saudades profundas
Dos sonhos que não sonhei?

Pra quem eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Os bancos dos meus jardins,
Onde durmo e onde acordo
Entre rosas e jasmins?
Pra quem é que vou deixar,
Todos os raios de luar
Que beijam minhas mãos
Quando num canto de rua
Eu as ergo em oração?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Meu cajado, meu farnel,
e a marca deste beijo
Que uma criança deixou
Em meu rosto perguntando
se eu era Papai Noel?

Pra quem é que eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Este pedaço de trapo
Que no lixo eu encontrei
que transformei em lenço
Para enxugar minhas lágrimas
quando fingi que chorei?

Se eu fizer um testamento...
Testamento não farei!
Sem nenhum papel passado,
Que papéis eu não ligo,
Agora estou resolvido:
O que tenho deixarei,
Na situação em que estou,
Pra qualquer outro mendigo,
Rogando a Deus que o faça,
Depois que eu tiver morrido,
Ser tão feliz quanto eu sou.

Urbano Reis

(Este testamento foi transcrito em uma revista. Foi feito por um mendigo. Ele não tinha nada material para transmitir a alguém, mas sente-se feliz em deixar muitas coisas que o dinheiro não compra.)

Postado por Marisa Alverga

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


MORRER PELA VIDA
 
Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida e isso é um erro.
Existem outros tipos de morte e nós precisamos morrer todos os dias.
A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação.
Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma,
não existe borboleta sem a morte da lagarta!
A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo.
É a fronteira entre o passado e o futuro.
Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você
o secundarista aéreo
que acha que ainda tem muito tempo pela frente não fazendo nada.
Quer ser um bom profissional?
 Então mate dentro de você o universitário
descomprometido que acha que a vida
se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas.
Quer ter um bom relacionamento então mate dentro de você
 o jovem inseguro ou o solteiro solto
que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter que dividir espaços,
 projetos e tempo com mais ninguém.
Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso
"eu"passado, inferior. E, qual o risco de não agirmos assim?
O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo,
 perdendo o nosso foco, comprometendo nossa produtividade
e, por fim, prejudicando nosso sucesso.
Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram,
 não se projetam para o que serão ou desejam ser.
Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam. Acabam se transformando em projetos inacabados,
 híbridos, adultos "infantilizados".
Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não matemos virtudes de criança que também são necessárias a nós, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade etc.
Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar pensamentos infantis, para passarmos a pensar como adultos.
Quer ser alguém: líder, profissional, pai ou mãe,
 cidadão ou cidadã, amigo ou amiga, esposo, esposa,namorado,
namorada, melhor e mais evoluído?
Então, o que você precisa matar em si ainda hoje
 para que nasça o ser que você tanto deseja ser?
 
Pense nisso e morra!

Mas, não esqueça de nascer melhor!

Paulo Angelim
Postado por Marisa Alverga 

RECADO: A partir deste sábado, dia 10 de dezembro de 2011, estarei estreando um programa na Rádio Marmaraú, em Araçagí, no horário das 14:30h às 15:30h. É uma revista eletrônica intitulada NA VARANDA DA VIDA porque é  numa VARANDA que nos reunimos para conversar, trocar idéias, discutir os acertos e desacertos da vida. É na VARANDA que vizinhos, amigos e conhecidos se unem para falar em cinema, livros, literatura, saraus, teatro e música. Uns recitam,.outros cantam, contam piadas, discutem futebol, fazem planos e até sonham. E e na VARANDA DA VIDA que estaremos juntos aos sábados, no horário das 14:30h 0h às 15:30h, para falarmos de tudo isso. E você pode participar, enviando Mensagens, Poesia, Humor , através do e-mail dalverga @uol.com.br ou no ORKUT, na comunidade EU OUÇO NA VARANDA DA VIDA.
Dê sua opinião, faça sua  crítica, participe! Você será benvindo ao Programa NA VARANDA DA VIDA!
No ensejo agradecemos aos nossos patrocinadores pela confiança e participação  e a você
  pelo carinho da sintonia.
                                                         Marisa Alverga