Guarabira, 25 de março de
2019
Meu filho, GERALDINHO
Há 36 anos e sete meses você habita outras plagas; deixou o
mundo dos homens pelo mundo de Deus. Certamente é feliz na sua eternidade e não
há o que discutir. Não se faz uma troca dessas à-toa. Sabemos que é preciso um
chamado especial, sem o qual não se entra nos Jardins do Éden. E você desde o
nascimento foi sempre especial.
Há quem diga que 36 anos e sete meses é muito tempo para se cultuar
uma saudade. Conheci uma mãe cuja filha faleceu há mais ou menos um ano. Chegou
na minha casa e me encontrou chorando e, irreverente, foi logo dizendo: essas lágrimas não são por Geraldinho, depois
de tantos anos? E eu respondi: e por quem haveria de ser? E ela: pois minha
filha faleceu, como você sabe, há pouco mais de um ano e só me lembro dela
quando alguém fala. E eu respondi: Pois, é, há mãe e
mãe.
Mas, meu filho, o que venho
lhe dizer é que o tempo não foi suficiente para apaziguar a minha dor. É o
lugar na mesa; o lugar no meu carro e até bem pouco tempo o seu quarto
continuava sendo seu, com os quadros que você deixou, os 400 livros da sua
biblioteca, devidamente catalogados por você. Agora derrubei minha casa para
abrir uma avenida – estou fazendo um loteamento – e os seus pertences estão
guardados em outro lugar, só a saudade permanece no mesmo canto, o meu coração.
Com a força da imaginação vejo você todos os dias, e
acompanho os seus diálogos com Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo – tão
jovem quanto você -, Olavo Bilac, Castro Alves, Ronaldo Cunha Lima e Osmar de
Aquino, para só citar alguns.
E é com essa mesma força que antevejo
a efervescência cultural que surgiu no céu desde que você aí chegou.
O que fará
primeiro? Uma Semana Cultural ? A primeira feira de livros
celestial? O primeiro Festival Literário do mundo de Deus? Ou a primeira
Coletânea de poesias do Céu? Ah, sim, o primeiro Concurso de Poesia em
homenagem ao Divino Pai Eterno, seria o mais certo.
Depois você
resolve. Há de haver tempo.
Beijos, meu
filho, com o meu amor e a minha SAUDADE.
Sua
Mamãe Marisa
Guarabira, 27 de março de
2019
Meu filho JOÃOZINHO,
Foi da minha barriga que você nasceu, foi do meu coração.
Até bem pouco tempo eu dizia que se alguém colocasse o Menino
Jesus de Praga na minha porta, eu colocaria na venda de Vila.
Na época eu estava muito
revoltada, porque o meu outro filho tinha me trocado0 pelo mundo de Deus. Era
assim que eu pensava, mas Ele é tão misericordioso que não obstante a minha
revolta, resolveu me dá você. Ele viu meu coração ferido, dolorido, sofrido e
foi lá, bem no centro do meu coração tirou você e colocou no meu colo.
Apaixonei-me por você. Foi amor à primeira vista, não tenha dúvida. Aliás,
nunca duvide do meu amor por você. Sejam quais forem as circunstâncias, meu
amor vem em primeiro lugar.
Estou ansiosa para vê-lo com a farda da Polícia Militar. O
Outro, o que está no céu, é o meu poeta preferido. Você é o meu Policial
preferido. Deus sabe que não faço diferença entre os dois. Você vai continuar
bem pertinho de mim. Recife não é tão longe assim. São só pouco mais de 200Km e
há entre nós dois um Deus Misericordioso que nos ama.
São 23 anos de amor, meu filho. Saber que você me ama é o que
me importa.
Geraldinho nasceu num 25 de março e você num 27 do mesmo
mês. Por pouco os dois não nasceram no
mesmo dia, embora em anos diferentes
Peço a Deus todos os dias que você seja muito feliz na
profissão que escolheu. Só lhe peço, meu filho, que cumpra o seu dever com
responsabilidade; honre a farda que veste mas, em nome de Deus, não queira ser
herói.
Feliz aniversário. Parabéns, meu filho.
Sua Mãe Marisa
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