Ao
Poeta MAGELA CANTALICE
(In Memorian)
Era uma vez um mundo triste,
onde a fealdade e a descrença reinavam como absolutos soberanos. Era uma terra estranha onde era
sempre noite e não havia luar para embelezá-la. As águas eram escuras e a terra
se revestia de um barro pantanoso, só produzindo ervas daninhas que
proliferavam por toda parte, deixando
que os espinhos se multiplicassem, ferindo e machucando sem dó nem piedade. A
palavra de ordem era a guerra e os homens falavam em morte, enalteciam o ódio,
conviviam com a tristeza, espalhando a
dor e o sofrimento, encharcando de lágrima aquele estranho mundo.
Um
dia, não se sabe como, nem de onde, uma fada surgiu em meio àquela triste
devastação, arrebatando à descrença o seu cetro de Rainha e, com apenas um
toque da sua varinha de condão, criou o dia e a aurora, fez surgir o sol e
inventou o crepúsculo; trouxe a lua para embelezar os céus e, como se não
bastasse, deu-lhe um séquito de estrelas! Fitou as águas e o mar se fez, com as
suas ondas travessas e colossais! Das ervas daninhas e dos espinhos fez brotar os crisântemos. Transformou a guerra
em paz, revestiu o ódio com o manto estrelado do amor e, das lágrimas tristes, fez nascer a
saudade.
Extasiada,
contemplou o novo mundo que fizera surgir, mas, descobriu entristecida, que os
homens pareciam indiferentes a tanta beleza. Que fazer? Era preciso
modificar-lhes o coração. Não, não. Pensando melhor, era necessário, apenas,
ensiná-los a cantar, porque - pensava -, enquanto houver um homem que cante, o
mundo cantará também! E criou o Poeta. E fez nascer MAGELA CANTALICE! Um poeta
que, com raríssima sensibilidade artística, sentiu toda a beleza que faz o
encanto da vida! MAGELA CANTALICE que, num átomo de segundo, descobriu que o
céu é azul, que os pássaros gorjeiam, que a lua é argêntea e bela; que o mar
canta, que a borboleta já não é libélula, que a beleza está em toda parte: no
riso de uma criança, na voz trôpega de um ancião, nas mãos trêmulas de uma
avozinha, na irreverência de um adolescente, no amor de uma mulher!
E
MAGELA viveu para cantar e nos encantar. Escreveu poemas e canções,
deixando-nos um legado de amor e paz., através de uma poesia eivada de líricas
e ternas mensagens, verdadeiras lições
de vida, onde a tônica era a alegria, a paz, a fé e a esperança.
Cumprida sua missão no mundo, eis que MAGELA parte em busca de outras plagas, levando consigo o dom especial que recebeu da sua Fada Madrinha, mas deixando conosco a saudade por ele tão decantada e a certeza de que permanecerá vivo no coração dos seus amigos e admiradores . Merece respeito um homem que tendo galgado todos os degraus do sucesso, chegou-nos humildemente, para dizer-nos:
“ Sou poeta, apenas poeta, e isso
me basta
À justificação da própria vida.
Ser poeta, neste sec’lo, eis a
mais vasta
Aspiração por mim sempre nutrida.
Existe muita gente iconoclasta
Pra quem a alma do poeta ainda é
tida
Como uma aberração louca e nefasta
Dessa estirpe de há muito
incompreendida.
Concordo. Todo poeta é aberração,
Na medida em que tende à
perfeição,
Como cultor supremo da beleza.
A poesia é a linguagem dos eleitos,
E o poeta é para todos os efeitos,
Porta-voz de Deus na Natureza!”
MARISA ALVERGA CABRAL
Guarabira, 19 de junho de 1997
PROGRAMA:
de CLÁUDIO CUNHA
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