sábado, 10 de dezembro de 2016

Guarabira sem Osmar



Guarabira sem Osmar, por Antonio do Amaral

Osmar de Aquino: “Guarabira ou Paris). Foto: Reprodução Internet

Publicado há 20 anos, por ocasião dos 15 anos de falecimento do grande tribuno, advogado, deputado federal e ex-prefeito de Guarabira, o Dr. Antonio do Amaral escreveu um artigo para homenagear o ilustre guarabirense. Osmar foi deputado constituinte em 1945.

Contemporâneo  de Osmar, o ex-prefeito, professor da UEPB e agora Juiz de Direito, Antonio do Amaral nos fez reverenciar esse grande brasileiro.

Oito de maio de 1980, há quinze anos passados Guarabira, a Paraíba, o Nordeste e o Brasil, perdiam OSMAR DE ARAUJO AQUINO, que convalescida num leito do Hospital Santa Isabel, na Capital deste Estado.

Trinta e cinco anos passado, desde o lúgubre maio de 1980, o Nordeste1 brinda seu autores com essa crônica tão linda, viva e consistente.

Eis o texto.

Guarabira sem Osmar

O anúncio do seu inacreditável falecimento consternou a todos quantos tiveram conhecimento dessa infausta notícia.

Murchava um lírio branco nos jardins flóridos desta encantadora cidade.

O dinamismo de sua ação associada à sua extraordinária e exemplar personalidade, motivou um comentário anônimo de que demoraria décadas, para que outra mulher pudesse dar à luz, a um ser tão encantador, como era OSMAR.

Humanista que no seu quotidiano, buscava a interligação da teoria à prática.

Advogado brilhante que em suas teses jurídicas, desenvolvidas ardorosamente em defesa dos seus constituintes, pouca importância dava aos honorários advocatícios, custeando inúmeras vezes as despesas com o processo, além dos gastos com os próprios interessados.

Político apaixonado pelos problemas sociais norteava a aproximação do topo da Pirâmide Social em relação às suas bases, com o objetivo de diminuir o fosso entre os que são abastados, com os desgarrados da sorte.

Jornalista percuciente sempre reservou o seu talento intelectual, em defesa dos problemas cujas dimensões motivavam a polêmica em todos os seguimentos, chamando a atenção das classes privilegiadas, sobre a exclusão da grande massa de desassistidos, sem acesso quer aos meios de produção, quer ao capital.

Orador incomparável em suas perorações elevou o ser humano e registrou verdadeiras pérolas, na limpidez do seu penetrante pensamento, voltado para uma dialética tão convincente, que normalmente levava os seus admiradores a um verdadeiro êxtase.

Se alguém ousasse conceituar OSMAR, poder-se-ia denominá-lo de um pan-homem, voltado exclusivamente para o profundo amor que nunca deixou de dedicar aos seus semelhantes, até mesmo em condições as mais adversas.

Inesquecível fora à sua volta a este torrão, quando em instantes de indescritível inspiração, nos idos de 1964 sentenciara:    “Volto ao teu seio, terra estremecida das minhas angústias, das minhas alegrias e dos meus sonhos”.

Os caminhos palmilhados por OSMAR, procurando incansavelmente o soerguimento dos seus irmãos, faz-nos lembrar os versos Cassiano Ricardo, quando diz, referindo a outra personalidade: “Quem morreu não foi ele/ foram as coisas, que deixaram de ser vistas pelos seus olhos”.

Sua ausência é lembrada e faz falta aos nossos contemporâneos.

Não é demais dizer que Osmar pertence à categoria dos gigantes da pátria, carregando-a nos ombros e não permitindo que ela desapareça.

A visão do seu alvorecer em que o homem se firme na plenitude dos seus sonhos, ficou registrado quando afirmara: “… e mesmo dentro da noite de opressão, nós te damos as mãos dentro da escuridão, haveremos de gritar ‘chaplinianamente’ para os descrentes e aflitos: calma, os pássaros cantarão amanhã”.

A máxima Brecheteana de que os homens imprescindíveis, são aqueles que trabalham toda a vida e a vida toda, encontra ressonância quando OSMAR, certa vez e em razão de uma enfermidade que lhe abatera dissera: “Doutor Geraldo (Camilo) mantém, ainda, tiranicamente, em semi-repouso”.

Oxalá, por paradoxal que possa parecer, a presença de OSMAR, neste tributo de saudade, inspire a busca da verdade, emergindo o a amor à gleba natal, para vê-la grande de respeitada, onde os fariseus proliferam, os aventureiros dominam o povo pobre, que a tudo assiste sem saber reagir, nem como reagir e possam dos canteiros dessa fenomenal Guarabira, florir o quanto antes, milhões de lírios brancos.

Antonio do Amaral, Juiz de Direito e ex-prefeito de Guarabira.



Cópia: Marisa Alverga


Osmar de Aquino Araújo
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