domingo, 26 de agosto de 2018


Dia do Soldado

 Admiro o Soldado brasileiro e até tenho um filho desejando integrar a classe policial. Impossível viver sem a participação do soldado em nossa sociedade e aproveito para parabenizá - los pelo seu dia. No entanto, 25 de agosto para mim não significa apenas Dia do Soldado. É muito mais do que isso. Hoje, por exemplo, foi o dia, há 36 anos, que você me deixou, atendendo ao chamado de Deus e partiu para a eternidade, sem adeus ou até logo. Simples, assim, como se simples fosse me deixar sem explicação.
            Sei que você não teve opção. Não foi decisão sua, pois não lhe cabia decidir. Foi do céu que veio a ordem, foi de Deus a decisão. Ele que tinha planos para você, bem diferente dos meus, como me disse um dia D. Marcelo, diferentes e melhores.
            Se eu aceitei pacificamente essa decisão? Não, não, meu filho. Você me conhece. Quando Deus levou você sabia que eu não aceitaria essa decisão calada. Não tenho vocação para santa. Esbravejei o quanto pude, derramei todo o fel da minha dor. Chorei tanto que meus olhos fecharam e durante três meses não conseguia enxergar nada. De lágrimas invadi meu coração.
            Se a dor passou? Que nada, o tempo apenas amenizou a dor da saudade. Nesses trinta e seis anos, não se passou um dia sem que não pensasse em você. Sempre que estou escrevendo, parece-me vê-lo ao meu lado com as suas ideias inovadoras. Vamos publicar uma coletânea? Tem tantos poetas em Guarabira! Vamos fazer um Festival? E as ideias iam surgindo e eu acabava me empolgando e as coisas nascendo.
            Ah! Ainda não lhe disse, mas a sua Toca está hoje nos cinco continentes e por causa dela você e eu temos poemas publicados nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Espanha, na Grécia, Na China, no Japão, na Bósnia, entre outros países.
            Durante dez anos fui diariamente ao cemitério. Rezava, conversávamos e eu chorava. Havia quem me criticasse, mas nunca dei atenção a críticos. Aliás, você alguma vez viu um crítico ser homenageado? Eu não conheço nem mesmo uma ponte com o nome de algum deles. Continuo me lixando para eles.
O normal, são os filhos enterrarem os pais. Não os pais enterrarem um filho. Os desígnios de Deus, porém, só Ele entende. E não nos cabe questionar. Há muito desistir de querer saber porquê.
Adeus, meu filho.

 PESADELO

                          Estavas no caixão sereno e lindo
                          Aureolada a fronte, o olhar incerto
                          Estranho leito de flores coberto
                          Mais parecias um anjo dormindo.

                                     Fiquei ali o teu sono a embalar
                                     Naquele doce “dorme-dorme, filhinho”
                                     Eu cantava pra você, Geraldinho
                                     Uma doce canção de ninar.

                      De repente, a dor, a saudade, a revolta
                      Esqueci a canção de ninar
                      Cantei o amor, esqueci de rezar     
                       E fiquei a esperar tua volta

                                     E me lembrei do porquê da revolta
                                     Da minha dor e também da saudade
                                     É que estando na eternidade
                                     Nem mesmo Deus pode me dar você de volta.

                                                                             Sua Mãe,
                                                                                  Marisa Alverga





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