quarta-feira, 6 de maio de 2015

MEUS AMIGOS,


MEUS AMIGOS,

Eu sou Ramalho. Nasci num dia lindo, com um céu azul, mesclado de nuvens brancas e raios do sol emoldurando o firmamento, num prenúncio de felicidade.
                    Aqui cheguei no  mês de Maria, a Mãe do próprio Deus, mais precisamente no dia 06  de maio de 1995 e logo bebi a água santa do batismo e a minha primeira comunhão foi uma festa.
                   A família que me foi destinada não poderia ter sido melhor escolhida; era ajustada e me amava incondicionalmente. Cresci cercado desse amor que desde o berço me ensinou que caráter e dignidade não têm preço.
                Durante 18 anos vivi intensamente cada instante, cada segundo das 24 horas que me foram destinadas.
                Comecei a vida engatinhando, sob os olhares embevecidos  dos meus pais – Teotônio e Neide -, que tinham grandes planos para mim, não sabendo eles que os planos de Deus eram outros.
                Foi fácil aprender a andar e daí por diante joguei futebol, andei de bicicleta e de automóvel. Não bebi, nem fumei porque não quis.
                Durante o período que passei na terra nada me faltou. Tive tudo que queria e ouso até dizer  que  me foi  dado mais do que precisava.
                Quando fui para a escola já conhecia o alfabeto; minha mãe foi minha primeira professora e já começava a formar palavras. Foi uma festa e precisava ver o orgulho dos meus pais quando diziam: o meu filho já sabe ler!
                Matricularam-me no Colégio da Luz e dali só sai para a Universidade, para onde fui em busca de um sonho!  Tudo que eu queria era ser igual ao meu pai e foi por isso que escolhi o curso de Direito. Seria advogado e seguiria os passos do meu pai na trilha que traçara para mim.
                Guardo lembranças de Professores e colegas que de alguma maneira me ensinaram a viver. Com meus pais e mestres aprendi desde cedo que princípios são inegociáveis. Dizia Platão que “ é a educação que dá ao corpo e à alma, beleza e perfeição.”
                Havia sonhos e esperanças que foram desfeitas porque Deus tinha outros planos para mim e como Deus é mistério não nos foi dado o direito de compreender os seus desígnios.
                Aprendi com meus pais que Deus, Pátria e Família  é o trio em que nos apoiamos para seguir na vida, até porque Deus não precisa de nós para ser Deus, mas nós precisamos Dele para sermos homens.
                Ensinaram-me, também, que o Brasil começa na soleira da minha casa e certa ou errada tinha a  obrigação de respeitá-lo, porque é o meu país, a minha Pátria.
                E se a Pátria é, no dizer de Rui Barbosa, a família amplificada, preciso amá-la porque é no seu seio que se aprende a  prática da cidadania em toda a sua plenitude.
                Quando minhas irmãs chegaram foi uma apoteose. Elas eram as fadas que embelezaram o nosso lar.
                A gente não vem ao mundo carimbado com a data da volta. Somos todos analfabetos nesse  quesito. Só ao Pai pertence o dia em que voltaremos ao lar paterno e o dia 25 de abril de 2014 chegou muito cedo para os nossos corações!
                As suas lágrimas, minha mãe, ao contrário do que se costuma dizer, não me fazem mal algum. São as lágrimas da SAUDADE que nós dois carregaremos  pela eternidade afora, pois mentiria se lhe dissesse  que também não sinto SAUDADES! Sinto, sim! Saudade  da senhora, de painho, das minhas irmãs, dos meus amigos e o que me conforta é a certeza de que um dia nos reencontraremos.
                Repito-lhe agora, o que disse Jansen Filho no seu Testamento de Poeta:
Não se assuste, mamãe, na solidão,
Quando ouvi-lo falar dizendo assim:
Mamãe querida, do meu coração,
Não deixe nunca de rezar por mim!”
Não peço que me esqueçam. Peço, sim, que continuem vivendo na vida e no amor das minhas irmãs.
            Do filho que da eternidade de Deus vai continuar vivendo no coração de vocês.

RAMALLHO NETO
(Texto de Marisa Alverga)

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