quinta-feira, 17 de junho de 2021

Vitrine

 

Vitrine homenageia hoje um guarabirense admirado e respeitado pela sua geração: ALFEU RABELO.

Formado em engenharia, foi poeta, jornalista, professor e dramaturgo. Fundou jornais e participou ativamente de todos os jornais editados em Guarabira.

“Mosaicos do Tempo”, “O Analfabeto”, “Casa Mal Assombrada”, “Quanto custa a felicidade”, “O Calvário” são algumas das peças escritas por esse guarabirense que, em 1926, pretendeu fundar uma Academia de Letras nesta cidade.

Ao lado de Alfeu Rabelo, publicamos ANDRÉ FILHO, um poeta que vem se destacando em Guarabira, detentor de diversos prêmios  em concursos de poesia, não só aqui, mas também em João Pessoa e Aracaju (SE). É Artista Plástico, Cronista, Contista, Dramaturgo, Videasta,  Ator,  e Jornalista (Jornal do Brejo).

Como Artista Plástico (paisagista) conquistou diversos prêmios e integrou  coletivas de Artes Plásticas.  Na qualidade de poeta participou de inúmeras Coletâneas de Poesia, como “Um Grito de Liberdade”, “Poemas para um Poeta”, entre outros.

André Filho é um poeta promissor que participa ativamente da vida cultural de Guarabira.

 

ONTEM ... 

          POESIA

                Alfeu Rabelo

 

Crepúsculo ... Tristezas ... E de tudo

Que a mocidade fez gozar somente,

Existe agora, pálida e silente,

Uma vaga lembrança por escudo.

 

E os idílios? E afagos de veludo?

E os noivados, E a dança? E o amor ardente?

Tudo acabou irresistivelmente

Pelo rolar cruel do tempo rudo.

 

Resta, somente, a luz radiosa e casta

Que ao velho sonhador, então, lhe basta,

Num como impulso de ressurreição.

 

Pois se o corpo envelhece e vai tombando,

Fica por cima, o espírito pairando,

Ao sopro da saudade e da ilusão.

 

           HOJE ...

 

                GUARABIRA

                                    André Filho

 

No berço das garças azuis terra da luz se fez

Lobo ou pássaro guará: Guiraobira?

A povoação se fez com altivez

Entre juás, palmatórias e macambiras.

Eis que surge majestosa entre os montes

A Rainha do Brejo – Guarabira!

 

São cento e doze anos de história para contar

Desta terra indígena, simpática e hospitaleira,

Terra de Osmar de Aquino, Pedro Teixeira,

Geraldo Alverga, Joza Nascimento e outros mais ...

 

Guarabira – a Capital dos OWNIS brasileira

Cidade cheia de encanto e de poesia,

Cidade que se orgulha de ser brejeira,

Que cresce rumo ao novo milênio cada dia. 

                      Guarabira, 19 de maio de 2000

Marisa Alverga


quarta-feira, 16 de junho de 2021

Curiosidades das Copas

 NONATO NUNES

. O mais jovem a disputar uma eliminatória de Copa do Mundo: SOULEYMANE MAMAM – Ele era togolês contava 13 anos e 310 dias. 

. O mais velho jogador a disputar uma eliminatória de Copa do Mundo: MACDONALD TAYLOR. Ele contava 46 anos e 180 dias. Ele nasceu em Trinidad  e Tobago.

. O recorde de maior goleada já construída numa partida oficial entre seleções ocorreu na cidade australiana de Coffs Harbour. Placar :Austrália 31 x 0 Samoa.

. O maior artilheiro de todas as Copas é do Brasil: RONALDO  LUIZ NAZÁRIO DE LIMA    -

RONALDINHO, O FENÔMENO. (15 goals.)

. O maior artilheiro em uma única edição: FONTAINE – treze goals numa única Copa do mundo.

. PARAIBANA DÁ O PRIMEIRO PASSO PARA UMA MULHER APITAR UMA COPA DO MUNDO DE FUTEBOL DE CAMPO: RENATA LEITE e aconteceu na Tailândia, em 2012.

Vozes da alma

 

Ao Poeta MAGELA CANTALICE

(In Memorian)

Era uma vez um mundo triste, onde a fealdade e a descrença reinavam como absolutos  soberanos. Era uma terra estranha onde era sempre noite e não havia luar para embelezá-la. As águas eram escuras e a terra se revestia de um barro pantanoso, só produzindo ervas daninhas que proliferavam por toda parte,  deixando que os espinhos se multiplicassem, ferindo e machucando sem dó nem piedade. A palavra de ordem era a guerra e os homens falavam em morte, enalteciam o ódio, conviviam  com a tristeza, espalhando a dor e o sofrimento, encharcando de lágrima aquele estranho mundo.

Um dia, não se sabe como, nem de onde, uma fada surgiu em meio àquela triste devastação, arrebatando à descrença o seu cetro de Rainha e, com apenas um toque da sua varinha de condão, criou o dia e a aurora, fez surgir o sol e inventou o crepúsculo; trouxe a lua para embelezar os céus e, como se não bastasse, deu-lhe um séquito de estrelas! Fitou as águas e o mar se fez, com as suas ondas travessas e colossais! Das ervas daninhas e dos espinhos fez  brotar os crisântemos. Transformou a guerra em paz, revestiu o ódio com o manto estrelado do amor  e, das lágrimas tristes, fez nascer a saudade.

Extasiada, contemplou o novo mundo que fizera surgir, mas, descobriu entristecida, que os homens pareciam indiferentes a tanta beleza. Que fazer? Era preciso modificar-lhes o coração. Não, não. Pensando melhor, era necessário, apenas, ensiná-los a cantar, porque - pensava -, enquanto houver um homem que cante, o mundo cantará também! E criou o Poeta. E fez nascer MAGELA CANTALICE! Um poeta que, com raríssima sensibilidade artística, sentiu toda a beleza que faz o encanto da vida! MAGELA CANTALICE que, num átomo de segundo, descobriu que o céu é azul, que os pássaros gorjeiam, que a lua é argêntea e bela; que o mar canta, que a borboleta já não é libélula, que a beleza está em toda parte: no riso de uma criança, na voz trôpega de um ancião, nas mãos trêmulas de uma avozinha, na irreverência de um adolescente, no amor de uma mulher!

E MAGELA viveu para cantar e nos encantar. Escreveu poemas e canções, deixando-nos um legado de amor e paz., através de uma poesia eivada de líricas e ternas mensagens,  verdadeiras lições de vida, onde a tônica era a alegria, a paz, a fé e a esperança.

Cumprida sua missão no mundo, eis que MAGELA parte em busca de outras plagas, levando consigo o dom especial que recebeu da sua Fada Madrinha, mas deixando conosco a saudade por ele tão decantada e a certeza de que permanecerá vivo no coração dos seus amigos e admiradores . Merece respeito um homem que tendo galgado todos os degraus do sucesso, chegou-nos humildemente, para dizer-nos:

              “ Sou poeta, apenas poeta, e isso me basta

              À justificação da própria vida.

              Ser poeta, neste sec’lo, eis a mais vasta

              Aspiração por mim sempre nutrida.


              Existe muita gente iconoclasta

              Pra quem a alma do poeta ainda é tida

              Como uma aberração louca e nefasta

              Dessa estirpe de há muito incompreendida.

 

              Concordo. Todo poeta é aberração,

              Na medida em que tende à perfeição,

              Como cultor supremo da beleza.

 

              A poesia é a linguagem dos eleitos,

              E o poeta é para todos os efeitos,

              Porta-voz de Deus na Natureza!”


                          MARISA ALVERGA CABRAL      

                          Guarabira, 19 de junho de 1997

                                   PROGRAMA:

                                      de CLÁUDIO CUNHA

terça-feira, 15 de junho de 2021

As rosas de Nossa Senhora

 Num sábado, no ano de 1531, um indígena que, de seu lugarejo caminhava para a cidade do México, a fim de participar da catequese e da Santa Missa, quando estava na colina de Tepeyac perto da capital, Maria apareceu ao recém-convertido, Juan Diego (João Diogo), que já atualmente fora canonizado pela Igreja; e suplicou-lhe para que fosse até o Bispo, pedindo para que naquele lugar fosse construído um santuário para a honra e glória de Deus. 

O Bispo local usando de prudência, pediu um sinal da Virgem ao indígena, que somente na terceira aparição foi concedido. Foi quando Juan Diego estava indo buscar um sacerdote para o tio doente: "Escute, meu filho, não há nada que temer, não fique preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui, a seu lado? Eu sou a sua Mãe dadivosa. Acaso não o escolhi para mim e o tomei aos meus cuidados? Que deseja mais do que isto? Não permita que nada o aflija e o perturbe. Quanto à doença do seu tio, ela não é mortal. Eu lhe peço, acredite agora mesmo, porque ele já está curado. Filho querido, essas rosas são o sinal que você vai levar ao Bispo.

Diga-lhe em meu nome que, nessas rosas, ele verá minha vontade e a cumprirá. Você é meu embaixador e merece a minha confiança. Quando chegar diante dele, desdobre a sua "tilma" (manto) e mostre-lhe o que carrega, porém só em sua presença. Diga-lhe tudo o que viu e ouviu, nada omita..."

O Bispo viu não somente as rosas, mas o milagre da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, pintada prodigiosamente no manto do humilde indígena. Ele levou o manto com a imagem da Virgem para a capela, e ali, em meio às lágrimas, pediu perdão a Nossa Senhora. Uma linda confirmação deu-se quando João Diego fora visitar o seu tio, que sadio narrou: "Eu também a vi. Ela veio a esta casa e falou a mim.

 Disse-me também que desejava a construção de um templo na colina de Tepeyac e que sua imagem seria chamada de 'Santa Maria de Guadalupe', embora não tenha explicado o porquê". Diante de tudo isso muitos se converteram e o santuário foi construído. Disse o Papa Bento XIV: "Nela tudo é milagroso: uma Imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros... uma Imagem estampada numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave da Igreja... Deus não agiu assim com nenhuma outra nação". Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós.


quarta-feira, 9 de junho de 2021

O suave milagre

Ora entre Enganin e Cesareia, num casebre desgarrado, sumido na prega de um cerro, vivia a esse tempo uma viúva, mais desgraçada mulher que todas as mulheres de Israel. O seu filhinho único, todo aleijado, passara do magro peito a que ele o criara para os farrapos da enxerga apodrecida, onde jazera, sete anos passados, mirrando e gemendo. Também a ela a doença a engelhara dentro dos trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa arrancada. E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu como bolor sobre cacos perdidos num ermo. Até na lâmpada de barro vermelho secara há muito o azeite. Dentro da arca pintada não restava um grão ou côdea. No Estio, sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro, secara a figueira. Tão longe do povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal. E só ervas apanhadas nas fendas das rochas, cozidas sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves maléficas sobrava o sustento!

Um dia um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada, e um momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande esperança dos tristes, esse rabi que aparecera na Galileia, e de um pão no mesmo cesto fazia sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos, e prometia aos pobres um grande e luminoso reino, de abundância maior que a corte de Salomão. A mulher escutava, com os olhos famintos. E esse doce rabi, esperança dos tristes, onde se encontrava? O mendigo suspirou. Ah esse doce rabi! quantos o desejavam, que de desesperançavam! A sua fama andava por sobre toda a Judeia, como o sol que até por qualquer velho muro se estende e se goza; mas para enxergar a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos que o seu desejo escolhia. Obed, tão rico, mandara os servos por toda a Galileia para que procurassem Jesus, o chamassem com promessas a Enganim; Sétimo, tão soberano, destacara os seus soldados até à costa do mar, para que buscassem Jesus, o conduzissem, por seu mando, a Cesareia. Errando, esmolando por tantas estradas, ele topara os servos de Obed, depois os legionários de Sétimo. E todos voltavam, como derrotados, com as sandálias rotas, sem ter descoberto em que mata ou cidade, em que toca ou palácio, se escondia Jesus.

A tarde caía. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze e a rocha. A mãe retomou o seu canto, a mãe mais vergada, mais abandonada. E então o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar duma asa, pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que amava as criancinhas, ainda as mais pobres, sarava os males, ainda os mais antigos. A mãe apertou a cabeça engelhada:

- Oh filho! e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos, à procura do rabi da Galileia? Obed é rico e tem servos, e debalde buscaram Jesus, por areais e colinas, desde Chorazim até ao país de Moab. Sétimo é forte e tem soldados, e debalde correram por Jesus, desde Hébron até ao mar! Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e nossa dor mora connosco, dentro destas paredes e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como convenceria eu o rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho tão pobre, sobre enxerga tão rota?

A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou:

- Oh mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado, e que tanto queria sarar! E a mãe, em soluços:

- Oh meu filho como te posso deixar! Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens. Tão rota, tão trôpega, tão triste, até os cães me ladrariam da porta dos casais. Ninguém atenderia o meu recado, e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! Talvez Jesus morresse... Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.

De entre os negros trapos, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança murmurou:

-Mãe, eu queria ver Jesus...

E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança:

- Aqui estou.