A REPUTAÇÃO
Cansados de vagar sozinhos pelos infinitos caminhos da terra, encontraram-se um dia o Fogo, a Água e a Reputação. Satisfeitos com o encontro, um deles propôs, cordato:
- Vamos viajar juntos?
- Está combinado! Concordou o segundo.
- Aceito, acudiu o terceiro.
Começada a viagem em comum, cada um principiou a contar, singelo, os seus feitos. O Fogo, que era dos três o mais velho, narrava a sua viagem celeste, o efeito das suas cóleras desesperadas, que tudo devastava, destruía.
Erguendo a sua voz musical e suave, a Água falou de si própria, historiando a sua vida subterrânea, as lágrimas que chorava comovida pelos olhos cegos das fontes e, finalmente, falou a Reputação, aludindo a dependência em que estava permanentemente, da vontade e do capricho dos outros.
Os companheiros concordaram e o Fogo insistiu:
- Combinemos, pois, o meio de nos encontrarmos, quando algum de nós se extraviar.
E por sua parte explicou:
- Quando não me encontrardes perto de vós, levantai os olhos e examinai o horizonte: onde virdes fumaça, que é minha filha, ide nesse rumo , que aí estarei.
- Se eu me afastar de vós – informou, por sua vez, a Água – baixai os olhos à terra, examinando o solo. Onde notardes a Umidade, que é minha irmã, cavai nesse lugar que me encontrareis.
Dito isto, olharam ambos à Reputação, interrogando-a:
- E tu, que sinal nos dás, para te procurarmos?
A interpelada corou, confusa, tentando explicar:
- A mim, quando vocês me perderem, não me procurem mais. E confessou, triste, com os olhos no chão: PORQUE AQUELE QUE ME PERDER, UMA ÚNICA VEZ, NUNCA MAIS ME ENCONTRARÁ!
Desconheço a autoria.
Postado por Marisa Alverga
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