Dia do Soldado
Admiro o Soldado brasileiro e até tenho um
filho desejando integrar a classe policial. Impossível viver sem a participação
do soldado em nossa sociedade e aproveito para parabenizá - los pelo seu dia.
No entanto, 25 de agosto para mim não significa apenas Dia do Soldado. É muito
mais do que isso. Hoje, por exemplo, foi o dia, há 36 anos, que você me deixou,
atendendo ao chamado de Deus e partiu para a eternidade, sem adeus ou até logo.
Simples, assim, como se simples fosse me deixar sem explicação.
Sei que você
não teve opção. Não foi decisão sua, pois não lhe cabia decidir. Foi do céu que
veio a ordem, foi de Deus a decisão. Ele que tinha planos para você, bem
diferente dos meus, como me disse um dia D. Marcelo, diferentes e melhores.
Se eu
aceitei pacificamente essa decisão? Não, não, meu filho. Você me conhece.
Quando Deus levou você sabia que eu não aceitaria essa decisão calada. Não
tenho vocação para santa. Esbravejei o quanto pude, derramei todo o fel da
minha dor. Chorei tanto que meus olhos fecharam e durante três meses não
conseguia enxergar nada. De lágrimas invadi meu coração.
Se a dor
passou? Que nada, o tempo apenas amenizou a dor da saudade. Nesses trinta e
seis anos, não se passou um dia sem que não pensasse em você. Sempre que estou
escrevendo, parece-me vê-lo ao meu lado com as suas ideias inovadoras. Vamos
publicar uma coletânea? Tem tantos poetas em Guarabira! Vamos fazer um
Festival? E as ideias iam surgindo e eu acabava me empolgando e as coisas
nascendo.
Ah! Ainda
não lhe disse, mas a sua Toca está hoje nos cinco continentes e por causa dela
você e eu temos poemas publicados nos Estados Unidos, na Inglaterra, na
Espanha, na Grécia, Na China, no Japão, na Bósnia, entre outros países.
Durante dez
anos fui diariamente ao cemitério. Rezava, conversávamos e eu chorava. Havia quem
me criticasse, mas nunca dei atenção a críticos. Aliás, você alguma vez viu um
crítico ser homenageado? Eu não conheço nem mesmo uma ponte com o nome de algum
deles. Continuo me lixando para eles.
O normal, são os filhos enterrarem os
pais. Não os pais enterrarem um filho. Os desígnios de Deus, porém, só Ele
entende. E não nos cabe questionar. Há muito desistir de querer saber porquê.
Adeus, meu filho.
PESADELO
Estavas no caixão sereno e lindo
Aureolada a fronte, o olhar incerto
Estranho leito de flores coberto
Mais parecias um anjo dormindo.
Fiquei ali o teu sono a embalar
Naquele doce “dorme-dorme, filhinho”
Eu cantava pra você, Geraldinho
Uma doce canção de ninar.
De repente, a dor, a saudade, a revolta
Esqueci a canção de ninar
Cantei o amor, esqueci de rezar
E fiquei a esperar tua volta
E me lembrei do porquê da revolta
Da minha dor e também da saudade
É que estando na eternidade
Nem mesmo Deus pode me dar você de volta.
Sua
Mãe,
Marisa Alverga
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