DIA
DO IDOSO
Um grupo de adolescentes, fez-me ontem um convite
para festejar com eles, o Dia do idoso, o que muito me honra, até porque quem
não fica velho, morre jovem.
Não há muito o que dizer, enfatizo, porém, que não se
nasce “idoso”, mas é necessário que se
viva a vida fase a fase; se criança, seja criança, brinque, ria, coma guloseimas
na hora do almoço e prometa a sua mãe que isso não se repetirá e amanhã faça de
novo e nisso não há nenhum laivo de maldade, apenas, criancice; depois, surge a
adolescência, a idade fagueira onde tudo é cor de rosa, e não só a terra é
azul, como o Planeta inteiro aderiu à cor do céu para pintar a vida. É a idade em que surgem surgem os flertes, os namoricos, a descoberta do
corpo, as Universidades, incluindo-se os FIEIS e similares, a que, na maioria das
vezes, se é obrigado a aderir, pois a isso o Sistema nos obrig; e isso , sem
muita preocupação se não a necessidade de uma graduação para driblar as
dificuldades e percalços da vida, dali partindo para uma nova fase, a da
responsabilidade, aqui inclusos os concursos, a luta para alcançar um lugar ao
sol ingressando, então na fase a da
realização profissional, do casamento e
essa é a penúltima fase, porque a última é o encerramento da vida.
Chegamos, enfim, à palestra a que nos propomos, a 3ª
Idade e quando me dizem, a título de consolo, penso eu, repito que melhor idade
é 15, 18 anos e não oitenta. Permitam-me, agora, divagar um
pouco. Certa vez, num programa de Televisão, o apresentador perguntou a Jorge
Amado, o que ele achava da velhice e o grande escritor respondeu, com todas as
letras: é uma bosta!
Discordo dele, até certo, mas entendo o seu desabafo,
acrescentando que cada idade deve ser
vivida de acordo com a propria idade. Certa vez, assisti, no Rio de Janeiro, a um
Pastoril, onde mulheres com oitenta anos vestiam-se como se tivessem quinze,
cheias de lacinhos de fitas, saias bem curtinhas, adolescentes, enfim. Certo
que era um Pastoril, mas as pastoras não precisavam ser ridículas.
A velhice, como
todas as outras fases da vida pode ser rica, não só de conhecimento. Por
exemplo, NÃO HÁ VELHICE NA ÍNDIA: Ali o idoso
é respeitado, quase venerado. Afinal, chegar á velhice é um privilégio.
Assisti esta semana ao Jornal
Nacional uma cena revoltante. Não sei o porquê, mas um idoso de 93 anos, foi
insultado e empurrado com tanta violência, por um Segurança que caiu no chão.
Ao levantar-se, chorando, ele sussurrou com tristeza: ainda me chamou de ladrão!
Cenas como esta são vistas
diariamente, na nossa sociedade. E nem precisa ser num Banco, pois filhos batem
nos pais e até matam e no dia dos pais recebem o indulto de ir visitar os pais.
Eu me pergunto: No cemitério, para onde os Mandou?
Outro dia estive em determinada Repartição, aqui mesmo
em Guarabira e após uma hora e quarenta minutos sem ser atendida, fiz-me de
doida – o que não fica longe da verdade,
diga-se de passagem -, chamei o guarda e perguntei: O sr. Sabe ler? Sei, sim. Ah,
por favor, eu sou analfabeto. O sr. Poderia ler essa placa para mim? Ele
inocente, sem atentar para a minha pilhéria disse: PRIORITÁRIO – São todas as
pessoas maiores de 60 anos...etc e tal.
Nesse ponto, mandei-o parar e tratei de ir embora e o coitado: pra onde a sra.
vai? E eu,
vou a todas as rádios de Guarabira, dizer que vocês não respeitam os meus
direitos. Ah, foi um Deus nos acuda, veio Gerente e funcionários me atender e só
faltaram me colocar no braço.
Estou fugindo um pouco do foco
principal, para acrescentar as boas coisas da 3ª Idade:
1ª – quem
não fica velho, morre jovem, repetimos;
2ª – ficar
velho não significa se entregar às traças; se o idoso ocupar sua mente,
tornando-se uma pessoa produtiva, o alzaime jamais o pegará;
3ª – quem
disse que o idoso não pode ir às festas, divertir-se, tomar uma cervejinha
gelada com os amigos, contar e rir de umas boas piadas;
4ª – ser avó
é a coisa mais gostosa do mundo – por isso se diz que ser avó é ser mãe duas
vezes: na primeira vez, temos o dever, a obrigação de educar, na segunda temos
só a obrigação de amar nossos netos; educar é com os pais.
A propósito, uma criança de oito
anos escreveu uma redação onde dizia: Avó é aquela mulher que não tem filhos e
por isso gosta dos filhos dos outros.
A outra disse: quando eu crescer
quero ser avó.
Outras disseram: As rugas são o
lugar onde antes havia risos. As avós nunca dizem: sai daí...
As avós usam óculos e às vezes
conseguem até tirar os dentes.
Nem sempre tudo são flores, mas
nós, os idosos, temos que ser mais forte que as dificuldades,
Que os
obstáculos cuidar de nós mesmos, não depender de ninguém. Costumo dizer que não
vim ao mundo para ser vencida, vim para vencer.
Para encerrar, deixo uma
mensagem um tanto quanto verídica, um tanto quanto engraçado:
QUANDO ME TORNEI INVISÍVEL
“OJá não sei em que data estamos. Lá em casa não há calendários e na minha memória as datas estão todas misturadas.
Me recordo daquelas folhinhas grandes, uns primores,
ilustradas com imagens dos santos
que colocávamos no lado da penteadeira. Já não há nada disso.
Todas as coisas antigas foram desaparecendo.
E sem que ninguém desse conta ,eu me fui apagando também...
Primeiro me trocaram de quarto, pois a família cresceu.
Depois me passaram para outro menor ainda
com a companhia de minhas bisnetas.
Agora ocupo um desvão, que está no pátio de trás.
Prometeram trocar o vidro quebrado da janela,
porém se esqueceram, e todas as noites por ali circula um ar gelado
que aumenta minhas dores reumáticas.
Mas tudo bem...
Desde há muito tempo tinha intenção de escrever,
porém passava semanas procurando um lápis.
E quando o encontrava, eu mesma voltava a esquecer
onde o tinha posto.
Na minha idade as coisas se perdem facilmente:
claro, não é uma enfermidade delas, das coisas, porque estou segura de tê-las, porém sempre desaparecem.
Noutra tarde dei-me conta que minha voz
também tinha desaparecido. Quando eu falo com meus netos
ou com meus filhos, não me respondem.
Todos falam sem me olhar, como se eu não estivesse com eles,
escutando atenta o que dizem.
As vezes intervenho na conversação, segura de que o que vou lhes dizer
não ocorrera a nenhum deles, e de que lhes vai ser de grande utilidade.
Porém não me ouvem, não me olham ,não me respondem.
Então cheia de tristeza me retiro para meu quarto
e vou beber minha xícara de café.
E faço assim, de propósito,
para que compreendam que estou aborrecida,
para que se deem de que conta que me entristecem e venham buscar-me
e me peçam perdão …Porém ninguém vem....
Quando meu genro ficou doente,
pensei ter a oportunidade de ser-lhe útil, lhe levei
um chá especial que eu mesma preparei.
Coloquei-o na mesinha e me sentei a esperar que o tomasse,
só que ele estava vendo televisão e nem um só movimento
me indicou que se dera conta da minha presença.
O chá pouco a pouco foi esfriando…e junto com ele, meu coração...
Então noutro dia lhes disse que quando eu morresse
todos iriam se arrepender.
Meu neto menor disse: “Ainda estás viva vovó? “.
Eles acharam tanta graça, que não pararam de rir.
Três dias estive chorando no meu quarto,
até que numa manhã entrou um dos rapazes
para retirar umas rodas velhas e nem o bom dia me deu.
Foi então quando me convenci de que sou invisível...
Parei no meio da sala para ver,
se me tornando um estorvo me olhavam.
Porém minha filha seguiu varrendo sem me tocar,
os meninos correram em minha volta,
de um lado para o outro, sem tropeçar em mim.
Um dia se agitaram os meninos, e me vieram dizer
que no dia seguinte nós iríamos todos passar um dia no campo.
Fiquei muito contente. Fazia tanto tempo que não saía
e mais ainda ia ao campo!
No sábado fui a primeira a levantar-me.
Quis arrumar as coisas com calma.
Nós os velhos tardamos muito em fazer qualquer coisa,
assim que adiantei meu tempo para não atrasá-los.
Rápido entravam e saíam da casa correndo
e levavam as bolsas e brinquedos para o carro.
Eu já estava pronta e muito alegre,
permaneci no saguão a esperá-los.
Quando me dei conta eles já tinham partido e o auto desapareceu
envolto em algazarra, compreendi que eu não estava convidada,
talvez porque não coubesse no carro...
...Ou porque meus passos tão lentos impediriam que todos os demais
caminhassem a seu gosto pelo bosque.
Senti claro como meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo
como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar.
Eu os entendo, eles vivem o mundo deles.
Ríem, gritam, sonham, choram, se abraçam, se beijam.
E eu, já nem sinto mais o gosto de um beijo.
Antes beijava os pequeninos, era um prazer enorme
tê-los em meus braços, como se fossem meus.
Sentia sua pele tenra e sua respiração doce bem perto de mim.
A vida nova me produzia um alento e até me dava vontade
de cantar canções que nunca acreditara me lembrar.
Porém um dia minha neta Laura, que acabava de ter um bebê
disse que não era bom que os anciãos beijassem aos bebês,
por questões de saúde...
Desde então já não me aproximo deles,
não quero passar- lhes algo mal por minhas imprudências.
Tenho tanto medo de contagiá-los !
Eu os bendigo a todos e lhes perdoo, porque...
“Que culpa têm os pobres de que eu me tenha tornado
i n v i s í v e l ?”
“OJá não sei em que data estamos. Lá em casa não há calendários e na minha memória as datas estão todas misturadas.
Me recordo daquelas folhinhas grandes, uns primores,
ilustradas com imagens dos santos
que colocávamos no lado da penteadeira. Já não há nada disso.
Todas as coisas antigas foram desaparecendo.
E sem que ninguém desse conta ,eu me fui apagando também...
Primeiro me trocaram de quarto, pois a família cresceu.
Depois me passaram para outro menor ainda
com a companhia de minhas bisnetas.
Agora ocupo um desvão, que está no pátio de trás.
Prometeram trocar o vidro quebrado da janela,
porém se esqueceram, e todas as noites por ali circula um ar gelado
que aumenta minhas dores reumáticas.
Mas tudo bem...
Desde há muito tempo tinha intenção de escrever,
porém passava semanas procurando um lápis.
E quando o encontrava, eu mesma voltava a esquecer
onde o tinha posto.
Na minha idade as coisas se perdem facilmente:
claro, não é uma enfermidade delas, das coisas, porque estou segura de tê-las, porém sempre desaparecem.
Noutra tarde dei-me conta que minha voz
também tinha desaparecido. Quando eu falo com meus netos
ou com meus filhos, não me respondem.
Todos falam sem me olhar, como se eu não estivesse com eles,
escutando atenta o que dizem.
As vezes intervenho na conversação, segura de que o que vou lhes dizer
não ocorrera a nenhum deles, e de que lhes vai ser de grande utilidade.
Porém não me ouvem, não me olham ,não me respondem.
Então cheia de tristeza me retiro para meu quarto
e vou beber minha xícara de café.
E faço assim, de propósito,
para que compreendam que estou aborrecida,
para que se deem de que conta que me entristecem e venham buscar-me
e me peçam perdão …Porém ninguém vem....
Quando meu genro ficou doente,
pensei ter a oportunidade de ser-lhe útil, lhe levei
um chá especial que eu mesma preparei.
Coloquei-o na mesinha e me sentei a esperar que o tomasse,
só que ele estava vendo televisão e nem um só movimento
me indicou que se dera conta da minha presença.
O chá pouco a pouco foi esfriando…e junto com ele, meu coração...
Então noutro dia lhes disse que quando eu morresse
todos iriam se arrepender.
Meu neto menor disse: “Ainda estás viva vovó? “.
Eles acharam tanta graça, que não pararam de rir.
Três dias estive chorando no meu quarto,
até que numa manhã entrou um dos rapazes
para retirar umas rodas velhas e nem o bom dia me deu.
Foi então quando me convenci de que sou invisível...
Parei no meio da sala para ver,
se me tornando um estorvo me olhavam.
Porém minha filha seguiu varrendo sem me tocar,
os meninos correram em minha volta,
de um lado para o outro, sem tropeçar em mim.
Um dia se agitaram os meninos, e me vieram dizer
que no dia seguinte nós iríamos todos passar um dia no campo.
Fiquei muito contente. Fazia tanto tempo que não saía
e mais ainda ia ao campo!
No sábado fui a primeira a levantar-me.
Quis arrumar as coisas com calma.
Nós os velhos tardamos muito em fazer qualquer coisa,
assim que adiantei meu tempo para não atrasá-los.
Rápido entravam e saíam da casa correndo
e levavam as bolsas e brinquedos para o carro.
Eu já estava pronta e muito alegre,
permaneci no saguão a esperá-los.
Quando me dei conta eles já tinham partido e o auto desapareceu
envolto em algazarra, compreendi que eu não estava convidada,
talvez porque não coubesse no carro...
...Ou porque meus passos tão lentos impediriam que todos os demais
caminhassem a seu gosto pelo bosque.
Senti claro como meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo
como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar.
Eu os entendo, eles vivem o mundo deles.
Ríem, gritam, sonham, choram, se abraçam, se beijam.
E eu, já nem sinto mais o gosto de um beijo.
Antes beijava os pequeninos, era um prazer enorme
tê-los em meus braços, como se fossem meus.
Sentia sua pele tenra e sua respiração doce bem perto de mim.
A vida nova me produzia um alento e até me dava vontade
de cantar canções que nunca acreditara me lembrar.
Porém um dia minha neta Laura, que acabava de ter um bebê
disse que não era bom que os anciãos beijassem aos bebês,
por questões de saúde...
Desde então já não me aproximo deles,
não quero passar- lhes algo mal por minhas imprudências.
Tenho tanto medo de contagiá-los !
Eu os bendigo a todos e lhes perdoo, porque...
“Que culpa têm os pobres de que eu me tenha tornado
i n v i s í v e l ?”
Muito
obrigada e um conselho: ame os seus velhinhos, sejam pais, avos ou um simples
desconhecido. Aprenda com eles e sejam verdadeiros homens e amando também o seu país. Certo ou errado, o Brasil é a sua
pátria.
Guarabira, 02 de outubro de
2018
Marisa
Alverga